O homem conhecido como Dr. Fundo do Mar passou 100 dias debaixo d'água em uma missão feita com apoio do diretor de cinema James Cameron
Joseph Dituri, mais conhecido como "Dr. Deep Sea" (Dr. Fundo do Mar), professor da Universidade do Sul da Flórida e comandante aposentado da Marinha dos Estados Unidos, emergiu após 100 dias de imersão contínua, estabelecendo um novo recorde mundial e trazendo consigo descobertas intrigantes sobre a vida no oceano e seus efeitos no corpo humano.
O experimento, denominado Projeto Netuno 100, foi conduzido por Dituri em parceria com uma equipe de especialistas, com o objetivo de estudar os impactos da pressão hiperbárica e do ambiente submarino na saúde humana. O mergulhador, com 28 anos de experiência em mergulhos saturados em grandes profundidades, compartilhou suas experiências e descobertas em entrevista ao O Globo.
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Dituri entrou no alojamento subaquático em 1º de março e emergiu em 9 de junho de 2023, quebrando o recorde anterior de permanência subaquática. O projeto, realizado na cápsula de 55 m² conhecida como Jules’ Undersea Lodge, localizada no lago em Key Largo, na Flórida, possibilitou ao mergulhador realizar uma extensa gama de atividades científicas e interagir com estudantes e especialistas regularmente.
O "Dr. Deep Sea" explicou a motivação por trás do experimento, destacando a necessidade de explorar e estudar o oceano em busca de respostas fundamentais e potenciais fontes de cura. Ele compartilhou uma história reveladora sobre a origem da ideia, que surgiu durante sua colaboração com o cineastaJames Cameron:
“A gênesis dessa ideia para o experimento veio em 24 de dezembro de 2012 quando eu estava escrevendo um artigo para o James Cameron. Ele me contratou quando eu me aposentei da Marinha, na qual passei 28 anos. Eu era meio que o 'cara que está sempre submerso', então ele me chamou para analisar o submersível que ele iria enviar ao fundo da Fossa das Marianas”, afirmou.
Durante sua estadia no alojamento submarino, Dituri conduziu uma série de exames e testes médicos, revelando tanto os efeitos positivos quanto os negativos da vida sob pressão.
Ele destacou uma notável redução nas moléculas inflamatórias do corpo e uma melhoria significativa na qualidade do sono, mas também compartilhou desafios, como a compressão da coluna vertebral e danos dentários.
“Eu estive sob alta pressão por um longo período de tempo, foram 100 dias. Corpos humanos não toleram isso muito bem. Mas algumas coisas boas se mostraram. E algumas delas foram que eu aniquilei todas as moléculas inflamatórias do meu corpo pela metade, além disso, eu também melhorei meu sono REM profundo, ao dobrar meu tempo nele”, contou ao O Globo.
Houve vários resultados negativos também. Quanto mais tempo você fica na água, mais coisas ruins acontecem. Como por exemplo, astronautas crescem cerca de 3,81 cm quando vão para o espaço, já para os aquanautas, que é o meu caso, eu comprimi 1,9 cm”, continuou na entrevista.
O mergulhador também discutiu os resultados surpreendentes de um exame de "metilação do DNA", que revelou um aumento significativo no comprimento dos telômeros, sugerindo um processo de rejuvenescimento biológico.
Isso fez com que minha idade biológica passasse de 55 para 34 anos. Então, de forma realista, eu tive essa grande redução”.
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Ao final da entrevista, Dituri enfatizou a importância de proteger e preservar o meio ambiente marinho, destacando o potencial do oceano como fonte de conhecimento e cura.