“É uma lição do que as doenças infecciosas podem fazer a uma população se você permitir que elas se espalhem amplamente”, afirmou
Um projeto de pesquisa desenvolvido pela pesquisadora Melandri Vlok, candidata ao programa de doutorado da Universidade de Otago, na Nova Zelândia, expôs o surgimento e disseminação de uma doença infecciosa há pelo menos 4 mil anos. Em 2018, a especialista foi até o sítio arqueológico de Man Bac, no Vietnã, para conseguir informações e amostras do local.
Agora, após inúmeras investigações, a cientista concluiu uma série de questões que são relevantes principalmente no contexto atual da pandemia global do novo coronavírus. O estudo de Vlok obteve a primeira evidência de forte de bouba na Ásia pré-histórica, encontrada na região analisada.
Para a pesquisadora, a doença foi introduzida na região por agricultores que se mudaram para o sul da China moderna. Chegando no território, a bouba foi passada para os caçadores-coletores no Vietnã atual, que descendiam das primeiras populações da Ásia e também da África.
A principal conclusão foi que a doença existiu durante um longo período na região, o que indica que ela foi muito difícil de ser erradicada. "Isso é importante porque saber mais sobre essa doença e sua evolução muda a forma como entendemos a relação que as pessoas têm com ela. Ajuda-nos a entender por que é tão difícil de erradicar. Se está conosco há milhares de anos, provavelmente já se desenvolveu para se encaixam muito bem com os humanos”, explica Vlok.
Segundo ela, “isso nos mostra o que acontece quando não agimos com essas doenças”. “É uma lição do que as doenças infecciosas podem fazer a uma população se você permitir que elas se espalhem amplamente. Isso destaca a necessidade de intervenção, porque às vezes essas doenças são tão bom em se adaptar a nós, em se espalhar entre nós”, concluiu.