Lawrence Hecker, de 93 anos, confessou ter abusado sexualmente de crianças e terá sua sentença proferida em dezembro em Nova Orleans
Pouco antes do início do julgamento, o padre católico romano aposentado Lawrence Hecker, de 93 anos, se declarou culpado das acusações de sequestro e estupro de um menino na década de 1970. A decisão, tomada na manhã desta terça-feira, 3, coloca um ponto final na batalha legal de décadas e garante que Hecker passará o resto de sua vida na prisão.
O advogado do homem, Robert Hjortsberg, disse ao 'The Guardian' que seu cliente "assumiu a responsabilidade pelas acusações e agora todos os envolvidos terão a oportunidade de seguir em frente".
O caso do padre é mais um capítulo sombrio na saga de abusos sexuais na Igreja Católica. Apesar das inúmeras denúncias contra ele, a Arquidiocese de Nova Orleans permitiu que Lawrence continuasse trabalhando por anos, mesmo após confessar seus crimes por escrito em 1999. A instituição religiosa só tomou medidas públicas em 2018, após a pressão da mídia e de advogados de vítimas.
A vítima, um ex-aluno de uma escola católica, relatou ter sido estrangulado e estuprado pelo padre em uma sala da torre do sino da igreja. A denúncia do jovem à época foi ignorada pelo diretor da escola, que preferiu oferecer tratamento psicológico ao invés de notificar as autoridades.
A confissão de Hecker em 1999, que permaneceu em segredo por anos, veio à tona em 2023 graças a uma investigação do jornal The Guardian. A revelação das atrocidades cometidas pelo padre desencadeou uma série de eventos, culminando na acusação formal dele em agosto de 2023.
A decisão do americano de se declarar culpado poupou as vítimas de terem que reviver o trauma em um julgamento e garantiu uma condenação rápida e certa. A sentença de prisão perpétua, obrigatória para o crime de estupro, é um sinal de que a justiça, embora tardia, foi feita.
O caso, no entanto, levanta questões importantes sobre a responsabilidade da Igreja Católica nos casos de abuso sexual. A Arquidiocese de Nova Orleans, ao proteger pedófilos como Hecker, permitiu que inúmeros crimes ocorressem e causaram sofrimento a inúmeras vítimas.
A investigação policial sobre Lawrence se expandiu para investigar a possibilidade de uma rede de tráfico sexual de crianças operando dentro da Igreja. A polícia suspeita que a arquidiocese tenha encoberto abusos sexuais por décadas e que altos membros da hierarquia eclesiástica possam estar envolvidos.