Restos mortais encontrados em um antigo cemitério revelaram sinais de doenças endêmicas, deformidades e violência
Quando a Rainha Vitória assumiu o trono inglês, em junho de 1837, com apenas 18 anos, se iniciava ali um longo processo de progresso pacífico conhecido como Pax Britannica, que era amparada por todos os ganhos conquistados na época colonial da Inglaterra Imperialista no exterior, e pela crescente em virtude da Revolução Industrial. Essa base ajudou no avanço econômico do Reino Unido e também no desenvolvimento da classe média.
Apesar desse período de extrema expansão e prosperidade, muitos que viveram naquela época não gozaram de uma vida tranquila e calma. Isso pode ser evidenciado pela descoberta de mais de 100 esqueletos que foram encontrados no fim de 2018.
Os restos, que estavam em um cemitério do século 19, onde hoje fica os arredores do mercado New Covent Garden Market, na capital inglesa, confirma tudo o que o romancista Charles Dickens descreve em suas obras: as condições de trabalho entre 1830 e 1850, no fim da Revolução Industrial, eram péssimas.
Isso porque, os esqueletos encontrados pela empresa Wessex Archaeology mostram evidências de doenças endêmicas, deformidades, desnutrição e até mesmo de extrema violência.
O que mais impressionou os arqueólogos, entre os achados, foi o esqueleto de um homem que possivelmente era um boxeador. Os restos de mais de um metro e oitenta de altura apresentava um nariz achatado e uma depressão na testa. Na ocasião, os especialistas afirmaram que essas alterações foram ocasionadas por brigas agressivas demais.
Além dos sinais na cabeça, as marcas da violência também se faziam presentes nas mãos do lutador. Como naquela época o boxe com mãos nuas eram apenas um passatempo popular, acredita-se que o homem morreu antes das regras que exigiam o uso de luvas para a prática do esporte.
Outro esqueleto, de uma mulher que sofria de sífilis congênita, também mostra como a vida era complicada para elas, que muitas vezes dependiam de um trabalho extenuante que exigia o uso dos braços e ombros. Fora os adultos, cerca de 40% dos restos mortais encontrados pertenceram a crianças, o que reflete como ainda eram altas as taxas de mortalidade infantil naquele período.