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Notícias / Ciência

Nova espécie hominídea de 'cabeça grande' é identificada na China

Caracterizados por terem "cabeças grandes", os Homo juluensis podem ajudar a entender a variação dos hominídeos durante o Pleistoceno Médio

Éric Moreira
por Éric Moreira

Publicado em 03/12/2024, às 12h30

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Reprodução ilustrativa da Australopithecus afarensis Lucy - Getty Images
Reprodução ilustrativa da Australopithecus afarensis Lucy - Getty Images

Recentemente, pesquisadores identificaram uma nova espécie entre os antigos hominídeos que habitaram nosso planeta, que chamaram de Homo juluensis. Significando literalmente "cabeça grande", a nova variedade humana recebeu esse nome com base em um crânio bastante grande encontrado na China.

Conforme repercute o Live Science, depois que os H. sapiens evoluíram há cerca de 300 mil anos, não demorou para que eles se espalhassem da África, onde surgiram, pela Europa e Ásia. No entanto, durante décadas foi um mistério estudado por paleoantropólogos como se deu a evolução dos hominídeos antes de os humanos modernos surgirem, especialmente entre 700 mil e 300 mil anos atrás, quando vários hominídeos primitivos existiam.

Vale mencionar que, hoje, já são destacados espécies como o H. heidelbergensis da Europa Ocidental, e o Homo longi da China Central, mas nunca foi um consenso na comunidade científica que eles fossem de espécies separadas. Em vez disso, muitos desses fósseis mais antigos foram agrupados de forma mais genérica como "H. sapiens arcaico" e "Homo do Pleistoceno Médio", mas há muita dúvida sobre o que há entre esses dois exemplares.

Por isso, a utilização de termos genéricos para classificar as antigas espécies humanas torna mais difícil a compreensão completa das relações evolutivas entre nossos ancestrais. Sabendo disso, em maio de 2024, foi publicado um estudo no periódico PaleoAnthropology em que um conjunto incomum de fósseis hominídeos foi descrito com um crânio muito grande e largo, com características semelhantes às do Neandertal, mas outras mais próximas aos humanos modernos e Denisovanos.

Coletivamente, esses fósseis representam uma nova forma de hominídeo de cérebro grande (Juluren) que se espalhou por grande parte do leste da Ásia durante o Quaternário Tardio [300.000 a 50.000 anos atrás]", escreveram os pesquisadores na publicação.

Em comentário publicado recentemente no periódico Nature Communications, Christopher Bae, antropólogo da Universidade do Havaí em Mānoa, e Xiujie Wu, paleoantropólogo do Instituto de Paleontologia de Vertebrados e Paleoantropologia da Academia Chinesa de Ciências, descreveram esse fóssil em questão com a nova terminologia "H. juluensis".

Com isso, dividiram o que é chamado hoje de "Homo arcaico" em pelo menos quatro espécies: "H. floresiensis", "H. luzonensis", "H. longi" e, agora, "H. juluensis". Dessa forma, pode ser mais fácil a pesquisadores a compreensão da complexidade da evolução humana.

Diagrama com sítios de hominídeos da Ásie central e fósseis descobertos por lá / Crédito: Divulgação/C. Bae e X. Wu

H. juluensis

Ainda de acordo com o Live Science, o "H. juluensis" é baseado em fósseis datados de entre 220 mil e 100 mil anos atrás, encontrados em Xujiayao e Xuchang, um sítio na China central. Eles foram descobertos em 1974, e desde essa época foi apontado que esses hominídeos tinham cérebros grandes e crânios grossos.

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Porém, por mais que o "H. juluensis" seja taxonomicamente uma nova espécie de hominídeos, isso não necessariamente quer dizer que eles sejam geneticamente isolados. Em vez disso, eles podem ser provenientes da miscigenação entre diferentes grupos do Pleistoceno Médio, incluindo até mesmo os neandertais, "apoiando a ideia de continuidade com a hibridização como uma força importante moldando a evolução humana no leste da Ásia", escreveram os pesquisadores no estudo.

Vale mencionar que o nome "H. juluensis" ainda não é aceito em toda a comunidade científica, mas certamente vem ganhando força entre especialistas. Em declaração, Bae pontua que nomear uma nova espécie ajuda a esclarecer o registro fóssil, o que, "no final das contas, deve ajudar na comunicação científica".