Durante entrevista, diretor artístico da cerimônia dos Jogos Olímpicos negou que "A Última Ceia" tenha inspirado o evento
Publicado em 28/07/2024, às 14h10 - Atualizado em 01/08/2024, às 17h44
Um dos assuntos mais comentados nas redes sociais nos últimos dias é a emblemática cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos, ocorrida em Paris sexta-feira, 26. Em determinado minuto, um grupo de pessoas, incluindo drag queens, apareceu alinhado em uma mesa, numa possível referência ao afresco "Última Ceia", de Leonardo da Vinci.
As opiniões se dividem após o evento. Enquanto muitos elogiaram a inclusão promovida em um evento de grande visibilidade, outros consideraram o ato 'desrespeitoso', ignorando, inclusive, que muitas releituras do tipo foram feitas nos últimos anos.
A Igreja Católica na França se pronunciou diante da polêmica e classificou o episódio como 'escárnio'.
"Infelizmente, esta cerimônia incluiu cenas de escárnio e zombaria do cristianismo, o que lamentamos profundamente", lamentou a Conferência dos Bispos Franceses através de comunicado.
Mas, Thomas Jolly, diretor artístico da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos, quebrou o silêncio após as críticas, informa a AFP. Jolly negou que o espetáculo tenha ridicularizado a pintura renascentista.
"Nunca encontrará da minha parte nenhum desejo de zombar, de denegrir nada. Quis fazer uma cerimônia que reparasse, que reconciliasse. Também que reafirmasse os valores de nossa República", disse ele à rede de televisão BFMTV.
O diretor artístico também destacou que a obra em questão "não foi minha inspiração". "A ideia era mais fazer um grande festival pagão conectado com os deuses do Olimpo... Olympus... Olimpismo", disse ele, conforme repercutido pela AFP.
Não era a Santa Ceia e sim a festa dos deuses, pintada por Jan Harmensz van Bijlert.
— Luciana Florencio (@Luciana_FR) July 28, 2024
Na pintura, o centro da mesa é ocupado por Apolo coroado, e não por Cristo.
A cena começa com a chegada de Dionísio/Baco, representando o deus greco-romano do vinho e das festas. pic.twitter.com/1uwMKRu7a9
Sem maiores detalhes, o perfil oficial dos Jogos Olímpicos no X disse que a cena demonstra uma ligação com o deus Dionísio.
"A interpretação do deus grego Dionísio nos conscientiza do absurdo que é a violência entre seres humanos", explicou a publicação.
Acho que ficou bem claro... tem Dionísio, que chega nessa mesa. Ele está lá, porque é deus da festa (...), do vinho, e pai de Sequana, deusa aparentada ao rio (...) A ideia era antes ter um grande festival pagão ligado aos deuses do Olimpo... Olimpo... Olimpismo “, disse Jolly, durante coletiva no último sábado, 27.
Como resultado, internautas passaram a apontar que a verdadeira inspiração seria o quadro "Festa dos Deuses", de Jan Harmensz van Bijlert, feita entre 1635 e 1640.
No cenário da pintura, é possível notar uma mesa semelhante a que foi retratada por da Vinci, no entanto, com a presença de Dionísio, deus do vinho e das festas. Os deuses estão reunidos num banquete que celebra o casório de Tétis e Peleu com Apolo em destaque.
