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Notícias / Marte

Moléculas orgânicas longas são encontradas em Marte

Moléculas encontradas em rochas marcianas são as maiores já encontradas até hoje no planeta vermelho; saiba o que isso significa

por Giovanna Gomes
ggomes@caras.com.br

Publicado em 25/03/2025, às 07h49

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Imagem lista os hidrocarbonetos de cadeia longa encontrados em Marte - Divulgação/Nasa/Dan Gallagher
Imagem lista os hidrocarbonetos de cadeia longa encontrados em Marte - Divulgação/Nasa/Dan Gallagher

Cientistas analisaram rochas de Marte e identificaram as maiores moléculas orgânicas já encontradas na superfície do planeta vermelho. A descoberta reacende a questão: Marte já abrigou vida em algum momento do passado?

Os compostos detectados — decano, undecano e dodecano — são formados por cadeias longas de carbono, com 10, 11 e 12 átomos, respectivamente. Acredita-se que sejam fragmentos de ácidos graxos, moléculas essenciais para a formação de membranas celulares e para processos metabólicos em seres vivos. No entanto, a NASA destaca que esses ácidos graxos também podem se originar de processos geológicos, como a interação da água com minerais em fontes hidrotermais.

Segundo o portal Galileu, as amostras analisadas têm 3,7 bilhões de anos e foram coletadas pelo rover Perseverance em maio de 2013, na Baía de Yellowknife, dentro da cratera Gale. O material foi estudado a bordo do próprio rover, por meio do mini-laboratório SAM (Sample Analysis at Mars), que aquece as amostras e monitora os compostos liberados no processo.

Para testar os resultados, cientistas na Terra misturaram ácidos graxos com solo similar ao marciano e encontraram os mesmos compostos orgânicos. O estudo, publicado na Proceedings of the National Academy of Sciences, reforça a possibilidade de que Marte tenha tido condições químicas favoráveis ao surgimento da vida.

Até agora, a missão Perseverance havia detectado apenas moléculas orgânicas pequenas e simples. A presença de cadeias de carbono mais longas sugere que compostos ainda maiores — e potencialmente biológicos — possam ter sido preservados no planeta. Se fragmentos de decano, undecano e dodecano resistiram a bilhões de anos de radiação e oxidação, outras moléculas complexas também podem ter sobrevivido.

A descoberta não confirma a existência de vida marciana, mas levanta questões intrigantes. Compostos orgânicos produzidos por processos não biológicos costumam ter menos de 12 átomos de carbono, enquanto os encontrados em Marte possuem entre 11 e 13. Isso aumenta as chances de que, em algum momento do passado geológico do planeta, processos biológicos tenham ocorrido? Ainda não há resposta definitiva.

Moléculas maiores

A NASA considera possível que a amostra Cumberland, coletada em 2013, contenha ácidos graxos de cadeia ainda mais longa, mas o mini-laboratório SAM não tem capacidade para detectar moléculas maiores. O próximo passo será trazer essas amostras à Terra para análises mais detalhadas.

"Estamos prontos para dar o próximo grande passo e trazer amostras de Marte para nossos laboratórios, para resolver o debate sobre a vida em Marte", afirmou Daniel Glavin, cientista do Centro de Voos Espaciais Goddard, da NASA, e um dos autores do estudo.

+ Confira aqui o estudo completo.