Brasileiros usaram tecnologia 3D para recriar o rosto de Dante Alighieri pela primeira vez; a imagem do ícone literário ainda era um mistério
Após mais de 700 anos, o rosto do homem que moldou nossa visão do inferno finalmente pode ser visto. Cientistas, utilizando o crânio de Dante Alighieri,recriaram digitalmente sua aparência, oferecendo um vislumbre fascinante do ícone literário.
Dante, autor da célebre 'Divina Comédia', tornou-se um nome fundamental na literatura ocidental. Sua descrição vívida do inferno, com seus nove círculos e punições irônicas, influenciou profundamente a cultura popular e o próprio ideário cristão.
No entanto, apesar da fama de sua obra, a verdadeira face do poeta permanecia envolta em mistério. As representações mais conhecidas foram criadas muito depois de sua morte, baseando-se em descrições de terceiros.
Agora, um estudo inovador liderado pelo especialista gráfico brasileiroCícero Moraes finalmente nos permite conhecer o rosto real de Dante, segundo o Daily Mail.
Moraes e seu coautor, Thiago Beaini, da Universidade Federal de Uberlândia, utilizaram uma técnica de recriação facial digital para dar vida ao crânio do poeta e publicaram seu estudo na revista de computação gráfica 3D OrtogOnLineMag.
Através de análises tomográficas e ultrassonográficas, combinadas com dados históricos sobre Dante, a equipe foi capaz de gerar imagens realistas de sua aparência.
O resultado revela um homem com características marcantes: rosto comprido, nariz aquilino e olhos grandes. A expressão facial, segundo Moraes, transmite a genialidade de Dante, mas também a amargura do exílio que sofreu.
O estudo também revela que Dante tinha um crânio maior do que a média, o que pode ter contribuído para sua inteligência e criatividade excepcionais.
Consiste em fazer uma série de projeções baseadas em dados estatísticos extraídos de análises tomográficas e ultrassonográficas e cruzá-las com a deformação anatômica”, disse Moraes. “A deformação anatômica ocorre quando o rosto digitalizado de um doador vivo é deformado até caber no crânio em questão, revelando-se “um rosto compatível com o do poeta em vida”, continuou.
O coautor concluiu no estudo: “Foram gerados dois conjuntos de imagens, um com abordagem objetiva, em tons de cinza, sem cabelos e com os olhos fechados. “E outra colorida e com elementos subjetivos, como a cor dos olhos, da pele e das roupas, conforme as imagens mais conhecidas”.