Novo estudo observou casos de canibalismo envolvendo ratos-marsupiais-australianos; a espécie é conhecida pela morte dos machos logo após a reprodução
Uma pesquisa sobre o canibalismo em marsupiais durante a fase de reprodução foi divulgada nesta quinta-feira, 18, no periódico Australian Mammalogy. O estudo revela um comportamento pouco comum: os animais da espécie Antechinus mimetes foram observados se alimentando de indivíduos mortos da mesma espécie.
Esses marsupiais carnívoros, também conhecidos como rato-marsupial-australiano, são reconhecidos pela morte dos machos logo após o período de reprodução, que dura de uma a três semanas.
Andrew Baker, da Escola de Biologia e Meio Ambiente da Universidade de Tecnologia de Queensland, na Austrália, explicou que durante a época de reprodução, machos e fêmeas acasalam promiscuamente em sessões frenéticas de até 14 horas. Todos os machos morrem devido ao estresse, causado pelo aumento dos níveis de testosterona que leva ao fluxo descontrolado de cortisol no corpo atingindo níveis patológicos.
A prática de canibalismo após a morte desses animais foi identificada como uma "oportunidade de ganho de energia econômica" para os machos sobreviventes e as fêmeas grávidas ou lactantes, conforme destacado pelo professor.
Baker ressaltou ainda que, embora o canibalismo tenha sido relatado em algumas espécies da família dasyurids, que inclui antechinus, quolls e diabos-da-Tasmânia, é raro observá-lo na natureza. As informações são do portal Galileu.
Em agosto de 2023, foi registrado um incidente de Antechinus mimetes se alimentando de outro membro da mesma espécie no Parque Nacional da Nova Inglaterra, na Austrália.
Em ambientes onde A. mimetes coexiste com outro marsupial, Antechinus stuartii, cujos períodos reprodutivos são ligeiramente diferentes, há a oportunidade de canibalizar não apenas os indivíduos de sua própria espécie, mas também os da outra.
Baker explicou que para as espécies de antechinus que se reproduzem mais cedo, as fêmeas grávidas e lactantes podem obter alimentos de alta energia canibalizando os machos das espécies que se reproduzem mais tarde, à medida que morrem.
Por outro lado, tanto machos quanto fêmeas de espécies com períodos de reprodução mais tardio podem canibalizar os mortos de espécies com reprodução mais precoce para melhorar suas condições físicas antes de sua própria procriação. O estudo, no entanto, não determinou com certeza o sexo do animal que se alimentou do antechinus morto, embora haja uma probabilidade maior de ser um macho.
O pesquisador adicionou que o antechinus observado parecia robusto, mas apresentava danos no olho direito e perda de pelos nos braços e ombros, associados ao declínio induzido pelo estresse nos machos, sugerindo que poderia ser alvo de outro animal em breve.
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