Pesquisadores acreditam ter descoberto em caverna paleolítica na França o que pode ser o mapa 3D mais antigo já encontrado, datado de 18.000 a.C.
Publicado em 11/01/2025, às 16h30
Pesquisadores franceses descobriram em uma antiga caverna de arenito chamada Ségognole 3, localizada ao sul de Paris, o que acreditam ser o mapa 3D mais antigo já encontrado. A escultura, que acreditam ser da era Paleolítica Superior, pode revelar mais detalhes sobre o quão inteligentes e avançados eram os primeiros grupos de caçadores-coletores que viveram na Europa.
O estudo que analisou a descoberta foi publicado no dia 22 de dezembro no Oxford Journal of Archaeology, e foi liderado pelo Dr. Médard Thiry do MINES Paris Center of Geosciences e pelo Dr. Anthony Milnes da University of Adelaide. Os pesquisadores atestam que as esculturas ali encontradas são uma versão em pequena escala da paisagem da região de Noisy-sur-École, exibindo características naturais e os sistemas hidrográficos da área.
Vale mencionar que Ségognole 3 chama atenção por ser a única entre as formações de arenito da região, apresentando em si mais de 2.000 exemplos de esculturas da Idade da Pedra. Na caverna, notam-se aspectos artísticos, simbólicos e práticos de maneira bastante notável, incluindo imagens realizas de cavalos, uma abertura em forma de vulva e até a destacada representação em pequena escala da paisagem ao redor.
O piso gravado não é bem um mapa, mas mais como um modelo em miniatura da paisagem ao redor, potencialmente o primeiro modelo 3D do mundo de um território paleolítico", escreveram os pesquisadores no estudo.
Conforme repercute o Archaeology News, o design da caverna integra características naturais com modificações humanas, utilizando-se de canais, bacias e depressões esculpidas no chão, que guiam a água da chuva através da caverna, criando assim uma representação dinâmica de rios, deltas e colinas próximas quando a água flui. As esculturas, descrevem os pesquisadores, parecem imitar o vale do Rio École, a montante do Rio Sena.
Com o fluxo da água dando vida às esculturas, é possível observar ali uma imagem clara do sistema hidrográfico da área. "A precisão do desenho desta rede hidrográfica revela uma capacidade notável de pensamento abstrato naqueles que a desenharam e naqueles para quem ela foi planejada", escrevem os pesquisadores no artigo.
Vale acrescentar que, além de valor artístico, a descoberta tem grande impacto sobre a compreensão existente acerca das habilidades de pensamento avançado das antigas comunidades do Paleolítico Superior. As gravuras encontradas na caverna, por exemplo, também combinam beleza com praticidade, e mostram uma compreensão profunda de seus autores do espaço e do meio ambiente.
Esta descoberta mostra que os povos paleolíticos eram capazes de pensamento abstrato imaginativo, além de serem excelentes observadores", acrescentam os pesquisadores no artigo.
Por fim, o estudo ainda aponta que a gravura de Ségognole 3 pode ter tido, a princípio, vários usos, desde planejar caçadas até ensinar membros da comunidade, ou mesmo realizar rituais relacionados à água. A localização da caverna ainda apoia a hipótese de que as gravuras serviam a algum propósito prático naquelas comunidades.
Isso tudo sem mencionar que a caverna permite vista para um vale rico em recursos e em herbívoros migratórios. Por mais que já tenham sido encontradas gravuras rudimentares de paisagens em diferentes partes da Europa, o mapa em questão se destaca por sua execução tridimensional, bem como a integração de características naturais.
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