Busca
Facebook Aventuras na HistóriaTwitter Aventuras na HistóriaInstagram Aventuras na HistóriaYoutube Aventuras na HistóriaTiktok Aventuras na HistóriaSpotify Aventuras na História
Notícias / Arqueologia

Suposto crânio de 'irmã de Cleópatra' na verdade é de menino de 11 anos

Crânio descoberto na Turquia em 1929 que muitos pensavam pertencer a Arsinoë IV, na verdade pertenceu a menino com condição genética rara; entenda!

Éric Moreira
por Éric Moreira

Publicado em 11/01/2025, às 15h30

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
Crânio que pensava-se pertencer a irmã de Cleópatra, encontrado no edifício Octagon em Éfeso, Turquia - Divulgação/Academia Austríaca de Ciências/Instituto Arqueológico Austríaco
Crânio que pensava-se pertencer a irmã de Cleópatra, encontrado no edifício Octagon em Éfeso, Turquia - Divulgação/Academia Austríaca de Ciências/Instituto Arqueológico Austríaco

Recentemente, um novo estudo realizado em um esqueleto descoberto há quase 100 anos na Turquia revelou que ele pode pertencer a um menino que sofria com condição genética rara. Até então, muitos historiadores pensavam que os restos mortais poderiam pertencer a Arsinoë IV, meia-irmã de Cleópatra.

Em 1929, arqueólogos descobriram um sítio arqueológico na Turquia que ostentava um enorme templo para Ártemis, um esqueleto dentro de um sarcófago de mármore em um edifício chamado Octógono de Éfeso. Sem quaisquer bens funerários ou inscrições, ficou um mistério sobre a quem aquele esqueleto pertencia, mas muitos arqueólogos da época concluíram que era para uma jovem importante.

Isso levou muitos a pensarem que a ocupante do túmulo poderia ser Arsinoë IV, que pegou em armas para lutar contra sua meia-irmã, Cleópatra, e Júlio César, liderando o Cerco de Alexandria. Isso porque depois que Arsinoë, ela buscou asilo no Templo de Ártemis em Éfeso, até que, quando ela tinha 22 anos, em 41 a.C., Marco Antônio ordenou sua execução.

Porém, um estudo publicado na última sexta-feira, 10, no periódico Scientific Reports, buscava analisar aquele esqueleto a fim de determinar se realmente poderia ter pertencido a Arsinoë. A primeiro momento, a análise de radiocarbono estimulou a data da morte entre 205 a.C. e 36 a.C., o que condiz com a época em que a meia-irmã de Cleópatra foi morta.

No entanto, uma observação sobre o estágio de desenvolvimento do esqueleto determinou que aquela pessoa morreu com uma idade entre 11 e 14 anos, bem mais jovem que Arsinoë.

Mas então veio a grande surpresa", escreve em declaração o principal autor do estudo, Gerhard Weber, professor de antropologia evolucionária na Universidade de Viena, na Áustria. "Em testes repetidos, o crânio e o fêmur mostraram claramente a presença de um cromossomo Y — em outras palavras, um macho".
Crânio analisado no estudo / Crédito: Divulgação/Academia Austríaca de Ciências/Instituto Arqueológico Austríaco

Condição genética rara

Alguns detalhes no crânio chamaram a atenção dos pesquisadores desde a época da descoberta, alguns dos quais inclusive levaram muitos a crer que ele pertencia a uma mulher. Por exemplo, os ossos do esqueleto eram mais finos e frágeis que o esperado.

Porém, mais recentemente descobriram deformidades que nunca haviam sido notadas. Uma delas apontava que uma das suturas cranianas — áreas do crânio em que os ossos individuais se fundem ao longo da vida — já estava fechada, o que geralmente só acontece a partir dos 65 anos. O fechamento precoce da sutura fez com que aquele crânio ficasse assimétrico.

Mas chamou ainda mais atenção perceber que o maxilar superior tinha um formato anormal, juntamente com pelo menos um dente sem nenhuma evidência de desgaste, o que leva a crer que o maxilar superior com defeito, ou até mesmo um maxilar inferior pequeno e anormalmente orientado.

Essas características no crânio e na mandíbula, por sua vez, foi associada a uma condição genética rara chamada síndrome de Treacher Collins (TCS). Essa condição, segundo o Live Science, afeta o desenvolvimento do rosto e da cabeça, causando uma mandíbula pequena, olhos inclinados para baixo e problemas de audição e visão.

Apesar da teoria, ainda não há confirmação, e a equipe busca realizar uma análise genética para tentar identificar TCS no adolescente, caso encontrem segmentos de DNA sobreviventes o suficiente para estudar. Além disso, agora os pesquisadores também buscam tentar descobrir a identidade do menino, e o motivo de ele ter sido enterrado no Octógono de Éfeso.

Leia também:Soterrada ou submersa? Entenda o mistério da tumba de Cleópatra