Contornado por três rios, o único acesso terrestre para esse estado brasileiro é feito por um país vizinho; saiba mais detalhes!
Publicado em 05/01/2025, às 13h00 - Atualizado em 06/01/2025, às 06h51
Constituído por 26 estados e o Distrito Federal, distribuídos em 8.510.000 km², o Brasil é um país praticamente continental; com culturas, costumes e tradições que moldam nossa identidade.
Por tanta diversidade assim, o Brasil também possui suas peculiaridades. Mas não estamos falando apenas das pessoas. O próprio território tupiniquim tem uma curiosidade que poucas pessoas sabem: possuímos um estado inteiro que não tem fronteira terrestre com o resto do país.
No Norte do Brasil, à margem esquerda do Rio Amazonas (o maior em volume da água do mundo) está situado o estado do Amapá, um dos nove que fazem parte da chamada Amazônia Legal. Um fato curioso sobre o estado é que ele não possui ligação por terra com o resto o Brasil.
Para se ter ideia, a única ponte que liga o estado com outras regiões fica no município de Oiapoque. Por lá está a Ponte Binacional, que como o próprio nome já diz, liga duas nações: o Brasil e a Guiana Francesa. Ou seja, a única ligação terrestre de todo o estado é com um outro país que não o nosso.
Mas as coisas não eram para ser assim, visto que desde 2001, na região norte do estado, mais precisamente em Laranjal do Jari, começou o projeto para a construção de uma ponte sob o Rio Jari, que ligaria o Amapá com o Pará.
Atualmente, porém, a passagem de mais de 400 metros de extensão tem apenas seus pilares colocados. Ao todo, a estrutura já gastou mais de 20 milhões de reais dos cofres públicos e se tornou alvo de polêmicas políticas nos últimos anos — que serão esclarecidas mais abaixo.
O que explica essa 'separação' do resto do país é o fato do estado ser totalmente contornado por três rios: Oiapoque, Jari e Amazonas. O estado também faz fronteira com o Suriname (além dos já citados Pará e Guiana Francesa)
Diante de todas essas circunstâncias, fica a pergunta: como chegar no Amapá sem sair do Brasil? Sem uma ligação terrestre, o Amapá pode ser acessado pelo Pará por meio de balsas, por exemplo. O avião também é uma alternativa.
Caso a escolha seja a primeira opção, o trajeto de balsa ocorre pelo rio Amazonas ou pelo Rio Jari, ambos no sul do Amapá. O Amazonas, inclusive, é a forma mais tradicional entre elas. Segundo recorda matéria do G1, as embarcações saem do Porto de Santana (que fica pouco menos de 20 quilômetros da capital Macapá) e demoram alguns dias para atravessar o Rio Amazonas.
Já pelo Rio Jari, o trajeto é feito através da cidade de Laranjal do Jari, no distrito de Monte Dourado, que fica no interior do município de Almeirim, no Pará. A balsa do Jari é financiada pelo governo do Estado e realiza a travessia de veículos em ambos os sentidos. Já as pessoas precisam procurar por catraias (um tipo de embarcação) de trabalhadores da região. A distância é curtinha, apenas 400 metros, e feita em poucos minutos.
Agora, se a escolha para chegar ao Amapá for por avião, saiba que não existem voos diretos de grandes capitais diretamente para lá. Geralmente as aeronaves que chegam ou saem do Amapá fazem escalas em Belém e Brasília.
Como já citado, obras para a ponte do Rio Jari foram iniciadas em 2001, mas nunca terminadas, mesmo após mais de duas décadas. Quando foram iniciadas, o projeto ficou responsável pela Prefeitura de Laranjal do Jari.
No entanto, aponta o G1, elas foram paralisadas diversas vezes, principalmente por indícios de corrupção. Um desses casos aconteceu em 2016, quando ex-prefeitos de Laranjal do Jari foram denunciados pelo desvio de cerca de 15 milhões dos cofres públicos. Apesar disso, os oito acusados acabaram absolvidos pela Justiça.
Com tantas polêmicas, a prefeitura alegou que não tinha capacidade de manter o projeto e no ano seguinte, em 2016, recebeu o apoio do governo estadual após um acordo na Justiça Federal — selado entre a prefeitura de Laranjal do Jari, o Governo do Amapá e a União.
Após oito anos de interrupções paradas, em meados de setembro de 2020, a Justiça determinou o "destravamento da obra". Com isso, foi anunciado um aporte de 60 milhões para o projeto ser concluído. Já em 2023, a conclusão do projeto passou a fazer parte do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), conforme anunciado pela ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet.
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