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Notícias / China

Jornalista presa por denunciar Covid em Wuhan deverá ser solta após quatro anos

Zhang Zhan viajou à Wuhan em fevereiro de 2020 para reportar crise da Covid-19 na China, mas acabou presa por ir em busca da verdade

Fabio Previdelli
por Fabio Previdelli
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Publicado em 11/05/2024, às 10h36 - Atualizado às 10h36

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A jornalista Zhang Zhan - Reprodução/YouTube
A jornalista Zhang Zhan - Reprodução/YouTube

Jornalista chinesa presa por reportar os primeiros dias da epidemia de Covid-19 em Wuhan, na China, Zhang Zhan deverá ser solta na próxima segunda-feira, 13. Em fevereiro de 2020, ela viajou para documentar a resposta do governo chinês para o problema que se tornou uma pandemia global

Seus registros foram compartilhados em relatórios no então Twitter (agora X), YouTube e WeChat. Zhang Zhan foi uma das poucas repórteres chinesas independentes no local quando Wuhan e o resto da China entraram em confinamento.

Num vídeo, gravado em fevereiro de 2020, Zhang disse: "Não consigo encontrar nada para dizer, exceto que a cidade está paralisada porque tudo está coberto. É isso que este país enfrenta agora… Eles aprisionam-nos em nome da prevenção de pandemias e restringem a nossa liberdade. Não devemos falar com estranhos, é perigoso. Portanto, sem a verdade, tudo não tem sentido. Se não conseguirmos chegar à verdade, se não conseguirmos quebrar o monopólio da verdade, o mundo não significa nada para nós".

Em outro, conforme recorda o The Guardian, ela mostrou um hospital lotado com pacientes em macas pelo corredor. Zhang Zhan foi presa em maio do mesmo ano, condenada a quatro anos de detenção por "provocar brigas e causar problemas" — uma frequente acusação usada contra ativistas. Desde então, ela está na prisão feminina de Xangai. 

Greve de fome e preocupações

Durante o tempo que passou na prisão, Zhang, que completou 40 anos em setembro, realizou greves de fome periódicas para protestar contra a sua condenação e tratamento. De acordo com um de seus ex-advogados, após visita no inverno de 2020, ela estava magra e tinha um tubo enfiado no nariz para alimentação forçada. Suas mãos também foram amarradas, para evitar que ela retirasse o tubo. 

As pessoas me pediram para convencer Zhang Zhan a comer alguma coisa, mas ela insistiu", disse o advogado. Seu peso teria caído de 74,8 quilos para pouco mais de 40, embora acredita-se que ela tenha melhorado de saúde nos últimos meses. 

Maya Wang, diretora associada para a Ásia da Human Rights Watch, disse: "É um alívio saber que Zhang está sendo libertada, dada a sua saúde muito debilitada na prisão, mas ela não deveria ter sido presa em primeiro lugar. A sua prisão deve lembrar-nos a todos que o governo chinês ainda não foi responsabilizado pelo encobrimento do surto de Covid-19 ou pelos abusos associados às suas restrições draconianas à pandemia".