"Irmãos Menendez: Assassinos dos Pais", nova série da Netflix, revive o caso que chocou os Estados Unidos há mais de 30 anos
Publicado em 22/09/2024, às 12h54 - Atualizado em 23/09/2024, às 09h38
Em 20 de agosto de 1989, Lyle Menendez, de 21 anos, e seu irmão Erik, de 18, armados com espingardas calibre 12, invadiram a sala de sua residência em Beverly Hills, Califórnia, e assassinaram seus pais, José e Kitty Menendez, com espingardas.
Este brutal crime se tornou um dos mais comentados nos Estados Unidos e atualmente é tema da segunda temporada da série de Ryan Murphy na Netflix, "Monstro".
Os irmãos alegaram que os homicídios foram motivados por anos de abuso sexual perpetrado pelo pai, um executivo do ramo de entretenimento, e que a mãe teria ignorado os relatos. Mas, as autoridades informaram que o verdadeiro motivo foi a ganância, evidenciada pelo extravagante estilo de vida adotado pelos irmãos após os crimes.
Em 1996, três anos após um julgamento inicial sem veredicto conclusivo, Lyle e Erik foram condenados por homicídio em primeiro grau e sentenciados à prisão perpétua sem chance de liberdade condicional. Desde então, diversas tentativas de reverter as condenações foram realizadas.
A mais recente ocorreu em maio de 2023, quando advogados dos irmãos apresentaram uma petição ao Tribunal Superior do Condado de Los Angeles baseando-se em novas evidências.
A petição de Habeas Corpus menciona acusações de abuso sexual feitas por Roy Rosselló, ex-integrante da boy band Menudo, contra José Menendez. Rosselló alega ter sido estuprado pelo pai de Lyle e Erik nos anos 1980, ou seja, semelhante ao que aconteceu com os rapazes.
Além disso, foi descoberta uma carta escrita por Erik para seu primo, Andy Cano, meses antes dos assassinatos, no qual desabafa sobre os abusos cometidos pelo pai.
Em um trecho, divulgado pela CBS News, Erik afirma ao primo: "Tenho tentado evitar papai", escreveu o jovem. "Está piorando para mim agora... Toda noite fico acordado pensando que ele pode entrar... Estou com medo... Ele é louco. Ele me avisou centenas de vezes para não contar a ninguém, especialmente ao Lyle".
Segundo Mark Geragos, advogado dos irmãos após a condenação, essas novas provas não foram consideradas durante o segundo julgamento devido ao longo período em que permaneceram desconhecidas.
Estamos argumentando que o segundo julgamento não respeitou as proteções constitucionais por vários motivos", disse Geragos à People, em entrevista exclusiva. "E uma petição de Habeas Corpus requer novas evidências. E a nova evidência inclui o acusador do Menudo e a carta encontrada."
O juiz poderia tomar três decisões, explicou o advogado: negar a petição, ordenar que o promotor responda formalmente ou solicitar uma resposta informal do promotor. Este último cenário foi o escolhido, resultando em uma investigação das novas evidências pelos promotores ao longo dos últimos 15 meses.
Geragos destaca que a equipe de defesa coletou declarações de 24 membros da família que pedem a reavaliação das sentenças. "Os irmãos Menendez estão 'cautelosamente otimistas'", afirmou Geragos.
De acordo com ele, se o caso fosse julgado nos dias atuais, o resultado seria significativamente diferente. "Hoje em dia, eu argumentaria que isso seria considerado homicídio culposo. A sociedade evoluiu e está mais esclarecida sobre questões como abuso sexual".
Um porta-voz do Gabinete do Procurador Distrital do Condado de Los Angeles confirmou à revista que as alegações estão sendo investigadas e que a resposta informal deve ser apresentada até 26 de setembro de 2024.