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Notícias / Arqueologia

Impressionante adaga de cobre de 4 mil anos é descoberta na Itália

Objeto raro sugere conexão cultural entre povos das atuais Itália e Eslovênia durante o terceiro milênio a.C.; saiba mais!

Felipe Sales Gomes, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 01/11/2024, às 16h37

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Registro da adaga de cobre - Frederico Bernardini
Registro da adaga de cobre - Frederico Bernardini

Uma equipe de pesquisadores italianos e eslovenos fez uma descoberta excepcional: uma rara adaga da Idade do Cobre encontrada nas profundezas da caverna Tina Jama, localizada na região de Karst, Itália, perto da fronteira com a Eslovênia.

Liderada pelo professor Federico Bernardini, da Universidade Ca' Foscari de Veneza, a escavação revelou uma ampla coleção de artefatos antigos datados de cerca de 4.000 anos, abrangendo a Idade do Cobre e o início da Idade do Bronze.

A adaga, com menos de 10 cm de comprimento, foi encontrada em uma camada de sedimentos do final do terceiro milênio a.C., um período de grandes transformações tecnológicas, sociais e culturais na Europa.

A Descoberta

Com uma lâmina em formato de folha, a adaga é considerada extremamente rara para a região, atraindo comparações com artefatos semelhantes encontrados em antigas moradias lacustres perto de Liubliana, Eslovênia.

Segundo o professor Bernardini, "descobertas como essa são extremamente valiosas na Itália, especialmente em contextos não funerários, como cavernas".

A semelhança com artefatos eslovenos sugere uma possível troca cultural entre comunidades do nordeste do Mar Adriático, destacando a interconexão das sociedades da época.

Registro do local onde a adaga foi encontrada - Frederico Bernardini

A escavação em Tina Jama é parte de um esforço conjunto da Universidade de Siena, do Instituto de Arqueologia da Academia Eslovena de Ciências e do Centro Internacional de Física Teórica Abdus Salam, marcando um retorno à exploração arqueológica da região após décadas de inatividade.

Além da adaga de cobre, a equipe desenterrou diversos outros artefatos: pontas de flechas de sílex, machados de pedra polida, ferramentas de obsidiana, fragmentos de cerâmica e adornos de conchas.

A Dra. Elena Leghissa, da Academia Eslovena de Ciências, ressaltou a importância desses achados: "Esses artefatos são fundamentais para compreender as mudanças tecnológicas e culturais na Europa do terceiro milênio a.C."

Arqueólogos em escavação - Frederico Bernardini

A diversidade de itens indica que a caverna de Tina Jama foi utilizada por diferentes grupos ao longo de milênios, tornando-se um local essencial para o entendimento da pré-história europeia.

Um dos aspectos mais intrigantes de Tina Jama é uma estrutura de pedra composta por grandes lajes e blocos, aparentemente erguida entre 2000 e 1500 a.C. para bloquear a entrada da caverna.

O propósito dessa construção ainda é desconhecido, mas os pesquisadores acreditam que ela pode ter tido uma função funerária, já que fragmentos de crânios humanos foram descobertos nas proximidades.

Essa evidência sugere que a caverna pode ter sido usada como um local ritualístico ou de sepultamento, uma hipótese sustentada pelos arqueólogos Leghissa e Bernardini. Alternativamente, a estrutura pode ter sido construída para proteger o interior da caverna dos fortes ventos, comuns na região.

Outros achados

Entre as descobertas, também foram identificados vestígios de uma lareira, fragmentos de cerâmica e materiais que remetem à cultura Cetina, originária da região da Dalmácia e datada da segunda metade do terceiro milênio a.C.

A escavação na caverna Tina Jama oferece uma rara oportunidade de reunir fragmentos dessa história inicial e lança luz sobre as dinâmicas culturais e sociais no nordeste do Adriático durante a pré-história.