Joe Bennett havia sido criticado por um ex-colega da editora pela produção de obras favoráveis ao presidente
Na última semana, a Marvel anunciou a demissão do ilustrador brasileiro Joe Bennett, famoso por seu trabalho na HQ O Imortal Hulk. Segundo nota divulgada, a empresa afirmou que não irá trabalhar com o artista "em nenhum dos projetos futuros da Marvel", embora os motivos do desligamento não tenham sido esclarecidos.
A decisão vem de encontro com o fato de o roteirista Al Ewing, que foi colega na editora durante o projeto do herói, ter publicado em seu perfil no Twitter uma sequência de críticas a Bennet, responsável por ilustrar um desenho em favor do presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, em 2017. A obra ressurgiu na internet recentemente.
"Esta não foi a primeira vez que tive ciência de um problema com o Joe. Tenho falado por trás das cenas, mas isso não conforta as pessoas que são as vítimas dessa propaganda brutal”, afirmou o roteirista, como repercutido pela Rolling Stone Brasil.
There’s an image doing the rounds that Joe Bennett drew back in 2017. I won’t link to it, but I have seen it, and it’s reprehensible. Thread follows. /1
— Al Ewing Writes Comics (@Al_Ewing) September 2, 2021
Na ilustração, Bolsonaro, que na época ainda era deputado federal, aparece como um cavaleiro e figuras políticas de posicionamento contrário, como Dilma Rousseff e Lula, são representados como ratos. Esse tipo de recurso era usado na Alemanha nazista contra judeus, destaque que foi feito na época que o brasileiro publicou o desenho nas redes.
"Presumo que sejam algum tipo de inimigo político, mas, mesmo que não sejam, os arquétipos são aparentes. Seres humanos como vermes sendo exterminados”, escreveu Ewing. “Mesmo que não esteja mais disponível, o fato de ter sido desenhado em primeiro lugar, assinado e exibido com tanto orgulho por Joe fala por si”.
Bennett também foi alvo de outras polêmicas fora a ilustração envolvendo o presidente. Em fevereiro, um desenho feito por ele na edição 43 da HQ O Imortal Hulk foi acusado de antissemitismo; o ilustrador também foi criticado por rir de comentários transfóbicos no Instagram, via G1.