Uropterygius hades é uma moreia adaptada a ambientes escuros e destacada por comportamentos incomuns, remetendo ao submundo da mitologia grega
Uma nova espécie de moreia foi descoberta nas águas do Oceano Indo-Pacífico. Nomeada Uropterygius hades , em homenagem ao deus grego Hades, associado ao submundo na mitologia, a espécie apresenta uma coloração marrom-escura e um corpo alongado que chama atenção.
A descoberta, feita por cientistas do Japão, Tailândia e Filipinas, foi detalhada na revista científica ZooKeys.
A descrição da nova espécie foi baseada em 14 exemplares encontrados em diversas regiões, como o sul do Japão, Taiwan, Filipinas, sul das ilhas de Java e Fiji. A descoberta ocorreu de forma acidental durante uma expedição em cavernas do rio Costa de Puerto Princesa, nas Filipinas.
Os pesquisadores buscaram estudar a fauna local, com foco na enguiaUropterygius cyamommatus – conhecida como moreia-cobra-olho-de-feijão –, amplamente utilizada em estudos de adaptação a ambientes cavernosos.
No entanto, em vez da espécie esperada, os cientistas encontraram uma enguia de coloração escura com características únicas que despertaram seu interesse.
A Uropterygius hades apresenta comportamentos e adaptações raras. Entre suas especialidades, destaca-se uma habilidade de escavação, iniciada pela cauda, algo incomum entre enguias. Além disso, demonstra uma espécie de alta sensibilidade à luz, buscando refúgio em ambientes escuros sempre expostos.
Essas características, juntamente com sua aparência intimidadora, foram decisivas para que os cientistas escolhessem o nome em referência a Hades, o governante mitológico do submundo.
Outros aspectos notáveis incluem:
Olhos Pequenos: Provavelmente uma adaptação a ambientes de baixa luminosidade, compartilhados com o Uropterygius cyamommmatus .
Poros Sensoriais Reduzidos: A espécie possui menos poros sensoriais na cabeça – estruturas usadas para detectar movimentos na água –, o que sugere uma dependência maior de estímulos químicos para identificar presas e evitar predadores.
Das cerca de 230 espécies de enguia conhecidas, a maioria vive em águas marinhas, com apenas um ciclo de vida em água doce. Espécies adaptadas a ambientes estuarinos, como o Uropterygius hades, são extremamente raras.
A descoberta contribui para a compreensão dos processos evolutivos que permitem a adaptação de enguias a ambientes com baixa luminosidade e variação de salinidade, como regiões de transição entre rios e mares.
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