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Gisèle Pelicot é aplaudida no tribunal: 'Não é para nós termos vergonha'

Gisèle Pelicot, a francesa que se tornou símbolo de resistência e coragem na luta contra a violência sexual, foi ovacionada após testemunhar

Gabriel Marin de Oliveira, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 23/10/2024, às 17h55

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Gisèle Pelicot - Getty Images
Gisèle Pelicot - Getty Images

Em um caso que chocou a França e o mundo, Gisèle Pelicot, uma mulher de 71 anos, emergiu como um símbolo de resistência e coragem na luta contra a violência sexual.

Vítima de um esquema elaborado de estupro, orquestrado por seu ex-marido e envolvendo dezenas de homens, Gisèle decidiu levar seus agressores à justiça em um julgamento público, com o objetivo de expor a cultura do estupro e inspirar outras vítimas.

"Sou uma mulher totalmente destruída e não sei como vou me reconstruir. Farei 72 em breve e não tenho certeza se minha vida será longa o suficiente para me recuperar disso", disse a mulher em entrevista após o julgamento.

Durante quase uma década, Dominique Pelicot, de 71 anos, drogou repetidamente sua esposa e convidou estranhos para estuprá-la em sua própria casa, na vila de Mazan, na Provença. "Eu nunca senti meu coração palpitar, eu não senti nada, eu devo ter desmaiado muito rápido. Eu acordava de pijama. De manhã, eu devia estar mais cansada do que o normal, mas eu ando muito e pensei que era isso", disse ela.

As revelações do caso, que incluíram filmagens meticulosamente organizadas pelo agressor, desencadearam uma onda de indignação e mobilização na França. Milhares de pessoas foram às ruas para expressar sua solidariedade a mulher e exigir mudanças nas leis e no tratamento de casos de estupro.

Ao longo do julgamento, que se arrasta há semanas, Pelicot tem sido uma figura inspiradora. Com firmeza e determinação, ela enfrenta seus agressores e expõe os horrores que sofreu. Sua decisão de tornar o julgamento público foi motivada pelo desejo de quebrar o silêncio em torno da violência sexual e de dar voz a todas as vítimas.

Eu queria que todas as mulheres vítimas de estupro — não apenas quando foram drogadas, o estupro existe em todos os níveis — eu quero que essas mulheres digam: a Sra. Pelicot fez isso, nós também podemos fazer. Quando você é estuprada, há vergonha, e não é para nós termos vergonha, é para eles", afirmou Gisèle Pelicot.

Um marco

A história da francesa destaca a importância de denunciar a violência sexual, de quebrar o silêncio e de buscar justiça. Seu caso também revela a complexidade do estupro e a necessidade de uma mudança cultural profunda para combater este crime.

"Temos que progredir na cultura do estupro na sociedade. As pessoas devem aprender a definição de estupro", seguiu na entrevista.

O julgamento é considerado um marco na luta contra a violência sexual na França. A cobertura ampla da mídia e a mobilização da sociedade civil demonstram a crescente conscientização sobre a gravidade do problema e a necessidade de uma ação urgente.

Segundo o 'The Guardian', os 50 homens acusados de participar do estupro de Gisèle Pelicot enfrentam penas de até 20 anos de prisão.

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