Uma estação de rádio de Oklahoma reacendeu um antigo debate sobre o racismo na música country ao se recusar a tocar uma canção de Beyoncé
Na manhã desta terça-feira, 13, Justin McGowan pediu aos DJs da estação de rádio de música country, KYKC, para tocar a nova canção de Beyoncé, chamada “Texas Hold 'Em”. Esta produção da artista, nascida no Texas, é uma balada country sobre festas caipiras, em colaboração com outra vencedora negra do Grammy, Rhiannon Giddens, no banjo e viola. Mas tudo isso não foi suficiente para que música fosse reproduzida na rádio.
Roger Harris, gerente da emissora, respondeu ao pedido de McGowan com uma rejeição concisa, via e-mail: “Não tocamos Beyoncé na KYKC, pois somos uma estação de música country”, disse ele na correspondência eletrônica.
Ao enviar esta resposta, Harris reacendeu um antigo debate sobre a posição dos artistas negros neste gênero musical, que possui música negra em suas raízes.
Ao receber a rejeição, McGowan postou em suas redes sociais uma captura de tela do e-mail, marcou um grupo de fãs de Beyoncé, assim iniciando debates no Reddit e TikTok.
“Isso é absolutamente ridículo e racista”, disse McGowan, enquanto incentivava outras pessoas a enviarem e-mails para a estação de rádio, solicitando a reprodução da música. Segundo Harris, o gerente da estação há 48 anos, a KYKC foi inundada com centenas de e-mails e telefonemas de fãs, criticando ausência da canção em sua grade.
“Nunca experimentei nada em minha carreira como a quantidade de mensagens que recebemos em apoio à música”, disse ele, conforme repercutido pelo jornal O Globo.
Em meio a e-mails e ligações de fãs irritados, a estação de rádio americana correu para conseguir uma versão de alta qualidade de “Texas Hold 'Em”, que os DJs tocaram três vezes, somente naquela noite.
A canção de Beyoncé faz parte de um novo álbum, até agora referido como “act ii”, um projeto de diferentes volumes onde a cantora planeja reivindicar as raízes negras na música popular norte-americana. Em uma entrevista concedida ao The New York Times, Harris disse que não sabia do projeto.
Nós não tocamos em nossa estação country porque ela não é uma artista country. Bem, agora eu acho que ela quer ser, e estamos todos a favor", concluiu o gerente da estação de rádio.
O diretor do Centro Lynne e Henry Turley Memphis da Faculdade de Rodes, Charles Hughes, afirmou que a rejeição inicial da rádio de Oklahoma a Beyoncé reflete como “o rádio country tem excluído sistematicamente artistas negros”, especialmente mulheres. Mas se alguém consegue derrubar as barreiras no cenário do country, acrescentou Hughes, são Beyoncé e seus fãs.
Talvez esse poder crie um espaço expandido para todas essas grandes mulheres negras fazendo música country, para torná-lo mais alinhado com as pessoas que amam música country e o país que ela deveria representar.", concluiu o diretor.