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Notícias / Arqueologia

Estacionamento na Polônia já foi cemitério da Idade Média, apontam pesquisadores

Arqueólogos dizem que local ‘guardava’ os restos mortais de mais de 110 pessoas. Entenda!

Fabio Previdelli Publicado em 12/04/2021, às 10h20 - Atualizado às 10h21

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Restos mortais encontrados no local - Divulgação/Museu Regional de Jasło
Restos mortais encontrados no local - Divulgação/Museu Regional de Jasło

Há décadas, proprietários de um estacionamento na cidade de Jasło, na Polônia, passaram a conviver com uma peculiaridade um tanto quanto macabra relacionada ao local. Afinal, durantes duas reformas feitas por lá, uma na década de 1960 e outra em 2013, ossos humanos foram encontrados.  

Tempos depois, no final do ano passado, segundo matéria da Galileu, o local foi reanalisado por arqueólogos, que descobriram que a área era, na verdade, um antigo cemitério católico e um mosteiro, que estiveram de pé em meados do século 14. 

Local onde as escavações foram feitas / Crédito: Divulgação/Museu Regional de Jasło

Descobriu-se, então, que o estacionamento ‘guardava’ os restos mortais de mais de 110 pessoas. Elas, até onde se especulam, estavam ligadas aos monges da Ordem Católica dos Carmelitas, que exerceram suas atividades na região apesar do fim da Idade Média, até meados do século 18.  

Segundo um comunicado divulgado à imprensa, o mosteiro que abrigava os religiosos ficava localizado perto de uma capela e um poço, onde foram encontrados diversos artefatos religiosos, como uma estátua da Virgem Maria com o Menino Jesus. Acredita-se que o local tenha sido abençoado por São Adalberto de Praga.  

Mas como o local se tornou um estacionamento? Antes disso, o mosteiro passou por uma série de transformações. Entre 1707 e 1726, por exemplo, ele foi reformado e ganhou uma torre nova. Posteriormente, a construção antiga passou a abrigar um hospital militar e uma delegacia de polícia. 

Durante as escavações um canal foi descoberto / Crédito: Divulgação/Museu Regional de Jasło

Já em 1899, um incêndio destruiu tudo e, em 1902, o espaço foi convertido em estábulos. Já como informado, em 1960 houve as primeiras descobertas de ossadas no terreno. As pesquisas de 2020, por sua vez, foram uma das mais prósperas, quando descobriu-se fragmentos de 713 relíquias arqueológicas, o que incluiu: azulejos, telhas, peças de cerâmica e pregos de ferro. 

Além disso, moedas de cobre e bronze também foram localizadas, assim como o fragmento de um pente de ossos e nove pedaços de vidro. Segundo uma publicação do Museu Regional de Jasło, que realizou as escavações, a maioria dos ossos encontrados eram grandes, como crânios e partes de ossos da pélvis e das escápulas. Fragmentos de mãos, pés e costelas também foram identificados, porém, este, em número menor.  

“Isso sugere que esses ossos foram transferidos com menor precisão do cemitério original para o ossário. Os ossos escavados costumavam ser danificados e difíceis de extrair, prendendo-se uns aos outros”, disse o Museu, que acredita que os restos de 96 pessoas possam estar em um único ossário de um canal de tijolos de pedra. 

“Os restos mortais descobertos no cemitério do mosteiro e o ossário criado como resultado de terraplenagens relacionadas à construção do canal são provavelmente de habitantes de Jasło e arredores. Talvez algumas das pessoas enterradas ali fossem parentes [dos monges] do mosteiro, mas nem todas", declarou a arqueóloga e historiadora do Ministério da Defesa Nacional da Polônia, Joanna Pilszyk