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Notícias / Ditadura

Documentos da ditadura são encontrados expostos a fezes de pombos no Rio de Janeiro

Documentos históricos armazenados na antiga sede do IML (Instituto Médico Legal) do Rio de Janeiro foram encontrados em estado precário de conservação

por Giovanna Gomes
ggomes@caras.com.br

Publicado em 03/04/2025, às 10h34

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Acervo que abriga documentos da ditadura enfrenta sérios problemas de conservação - Divulgação/MPF-RJ
Acervo que abriga documentos da ditadura enfrenta sérios problemas de conservação - Divulgação/MPF-RJ

A antiga sede do IML (Instituto Médico Legal) do Rio de Janeiro, desativada desde 2009, abriga documentos históricos relacionados às ditaduras do Estado Novo (1937-1945) e do regime militar (1964-1985). No entanto, o acervo enfrenta problemas de conservação, incluindo exposição a fezes de pombos, conforme relataram especialistas que visitaram o local na última quinta-feira.

O material foi descoberto durante visitas de pesquisadores e movimentos ligados à memória das vítimas da ditadura, incluindo membros da seção fluminense do MPF (Ministério Público Federal). Estão previstas mais quatro visitas ao longo deste mês, com o objetivo de avaliar a documentação preservada no prédio da Lapa.

De acordo com o historiador Lucas Pedretti, que participou da última visita, o acervo contém itens em boas condições, mas também apresenta materiais armazenados de forma inadequada. Fichários históricos estavam cobertos por restos de fezes de pombos, e gavetas encontravam-se espalhadas pelo chão. Imagens obtidas pelo UOL mostram pilhas de livros que chegam ao teto em uma das salas, enquanto alguns documentos foram encontrados dentro de sacos de lixo.

Agentes do Dops

Embora a maior parte dos papéis ainda não tenha sido identificada, já foram localizadas fichas funcionais de agentes do Dops (Departamento de Ordem Política e Social), datadas da década de 1930. O Dops atuou como uma polícia política estadual tanto no Estado Novo quanto no regime militar. Além disso, há registros fotográficos de presos e perícias realizadas pelo Instituto de Criminalística Carlos Éboli, que incluem imagens de pessoas detidas em diversas delegacias do Rio de Janeiro.

Questionada sobre as condições do acervo, a Polícia Civil do Rio, responsável pelo local, não se pronunciou sobre o estado de conservação. A corporação afirmou apenas que o acesso ao material depende de um acordo de cooperação técnica, ainda sem previsão para ser assinado.

Os ativistas do coletivo Memória, Verdade, Justiça e Reparação defendem que a documentação seja tornada pública e entregue ao Arquivo Público do Estado do Rio, garantindo consulta livre e preservação adequada. Há expectativa de que o MPF colabore para viabilizar o acordo que permitirá o acesso completo aos documentos.