Redigido no século 10, o documento em questão teria sido erroneamente datado, de acordo com pesquisador da Universidade de Exeter, no Reino Unido
Um pesquisador da Universidade de Exeter, no Reino Unido, descobriu que um documento escrito pelo rei Otto I – fundador do Sacro Império Romano-Germânico – em homenagem à sua falecida rainha, Edith de Wessex, foi erroneamente datado. Originalmente acreditava-se que o texto havia sido escrito em 942 d.C., enquanto Edith ainda estava viva, mas novas evidências apontam para o ano 950 d.C., quatro anos após sua morte.
"Quando comecei a examinar essa peça, tive um momento 'Eureka' porque, em poucos minutos, ficou claro que os estudiosos modernos haviam errado a datação e que ela era, na verdade, um tributo à falecida esposa do rei e ao filho sobrevivente", explicou Levi Roach, especialista em história medieval europeia, em comunicado.
Segundo o portal Galileu, o documento revela que Otto I doou uma grande propriedade à Igreja para assegurar a "salvação da alma" de Edith. Além disso, o monarca dedicou a oferta ao bem-estar de seu filho, Liudolf. "Não é de forma alguma um documento real padrão", observou Roach, destacando que a forte ênfase na memória de Edith e no cuidado com Liudolf já havia intrigado historiadores no século XX.
O texto foi originalmente considerado uma falsificação por trazer a data de 966, quando Otto já era imperador, não rei. Posteriormente, o historiador prussiano Theodor Sickel reavaliou e reclassificou o documento para 942. Contudo, ao estudar outro texto do mesmo notário, também datado de 966, Roach identificou uma data secundária que apontava para o reinado de Otto como rei, situando ambos os documentos em 950.
Para o pesquisador, é improvável que o notário tenha cometido o mesmo erro oito anos depois, o que sugere que ambos teriam sido escritos ao mesmo tempo.
Edith, que se casou com Otto em 930 como parte de uma aliança entre reinos saxões, foi coroada rainha em 936. Ela teve dois filhos antes de falecer de forma súbita em 946. Apesar de Otto ter se casado novamente, foi sepultado ao lado de Edith na Catedral de Magdeburgo.
Para Roach, o documento oferece um vislumbre raro do vínculo entre o casal. "Embora eles tenham sido casados por um período muito mais curto do que Otto com sua segunda esposa, é ao lado de Edith que ele seria enterrado. Este foi claramente um amor que durou através dos tempos", concluiu o pesquisador.