“Gulag, a história dos campos de concentração soviéticos” é dividido em duas partes
O mês de janeiro chegou com novidades no Curta!On — recém-lançado clube de documentários do NOW, da Claro/NET. Contudo, um grande lançamento é o documentário “Gulag, a história dos campos de concentração soviéticos”, de Patrick Rotman, Nicolas Werth e François Aymé, uma produção da ARTE France e Kuiv-Michel Rotman.
Sendo dividido em dois episódios, a obra cinematográfica relata os horrores por trás dos territórios dentro da antiga URSS que eram dedicados a concentrar e punir aqueles que fossem contra o regime da época, sobretudo após a ascensão de Stalin ao comando do Partido Comunista.
O filme se baseia em imagens históricas e em depoimentos de ex-prisioneiros, recolhidos entre 1988 e 2014.
Segundo o documentário, um em cada seis adultos soviéticos foi levado a um gulag. Entre eles, mencheviques — facção revolucionária rival dos bolcheviques, o grupo que assumiu o poder na União Soviética na década de 1920 —, anarquistas, criminosos comuns, religiosos e outros socialistas revolucionários que, por algum motivo, haviam se desentendido com as lideranças soviéticas.
Logo após a Revolução de 1917, o novo regime soviético, ainda sob comando de Lenin, cria sua polícia política e complexos prisionais destinados a opositores que serviriam de base para o projeto dos campos de concentração soviéticos.
Nos anos seguintes, já no período stalinista, há uma reforma penal que implementa de vez o modelo do gulag, um sistema robusto e integrado que submete os presidiários — em cada vez maior número — a trabalhos forçados e às mais terríveis violações de direitos humanos.
Logo, o gulag se tornou uma verdadeira “indústria penitenciária”, e a mão de obra proveniente desses campos de concentração se tornou elemento fundamental da economia soviética.
Durante a Segunda Guerra Mundial, conforme a União Soviética avançava com a chamada Cortina de Ferro, após a conquista de territórios antes dominados pelos nazistas, os gulags e as cidades que circundavam os campos — muitos deles na Sibéria — também ampliavam sua capacidade, recebendo cada vez mais pessoas de nacionalidades diversas, além de prisioneiros de guerra, tratados com ainda mais violência.
Ao mesmo tempo, muitos eram liberados dos gulags para integrar o Exército Vermelho, lutando contra os países do Eixo e pela expansão da União Soviética.
O gulag é mantido mesmo no pós-guerra, recebendo outras centenas de milhares de soviéticos repatriados. Apenas com a morte de Stalin, em 1953, é concedida uma ampla anistia e o gulag perde uma parte considerável de seus prisioneiros.
Os remanescentes presos políticos começaram a se organizar em revoltas que, aos poucos, foram minando o sistema. Em 1956, Nikita Khrouchtchev — sucessor de Stalin no comando do Partido Comunista — revela parte dos crimes contra a humanidade cometidos pela ditadura soviética até então, causando um grande abalo no bloco comunista e acelerando o fim do gulag — que aconteceria, na prática, dois anos depois, com a revogação do artigo do código penal soviético que legitimava prisões políticas em massa.