“É como leiloar a Capela Sistina”, disse pesquisadora do local, que fica no Missouri
Na última terça-feira, 14, a Nação indígena Osage recebeu com tristeza a notícia de que a caverna conhecida como “Picture Cave” foi vendida em leilão. O local, considerado sagrado pelos povos indígenas locais, foi adquirido por um licitante vencedor que não quis ser identificado.
Perto da cidade de Warrenton, no Missouri, Estados Unidos, a caverna contém obras de arte nativas americanas de mais de mil anos.
São mais de 290 glifos pré-históricos, o que é “a maior coleção de pinturas policromadas de povos indígenas no Missouri”, segundo o site da casa de leilão Selkirk Auctioneers & Appraisers.
Líderes da Nação Osage se posicionaram contra a venda em um comunicado divulgado recentemente. Eles afirmaram que esperavam comprar a terra “proteger e preservar nosso local mais sagrado”, como relatou o jornal The Guardian, considerando ainda a venda "verdadeiramente comovente".
“Nossos ancestrais viveram nesta área por 1.300 anos”, escreveram na nota. “Esta era a nossa terra. Temos centenas de milhares de nossos ancestrais enterrados em todo Missouri e Illinois, incluindo na ‘Picture Cave’”.
Além das obras de arte, que representam uma série de figuras diferentes como pessoas, animais, pássaros e criaturas míticas, o local contou, ao longo dos anos, com rituais sagrados e sepultamento dos mortos das comunidades indígenas que habitaram a região.
Críticas à venda também vieram dos especialistas Carol Diaz-Granados, pesquisadora da Universidade de Washington em St Louis, e James Duncan, estudioso da história oral de Osage, que estudaram a caverna por 20 anos e inclusive escreveram um livro sobre o tema.
“Leiloar um local sagrado de índios americanos realmente envia a mensagem errada”, afirmou Diaz-Granados. “É como leiloar a Capela Sistina. Essa é a caverna deles. Esse é o santuário sagrado deles, e deve voltar para eles."
A caverna foi vendida pela Selkirk Auctioneers & Appraisers por US $ 2,2 milhões, cerca de R$ 11,5 milhões, junto ao terreno montanhoso de 17 hectares que cercam o local que fica a 97 km da cidade de St Louis.