A caverna é localizada em Apucarana, no Paraná, e guarda história e mistérios
Na última terça-feira, 20, um biólogo de Apucarana, região norte do Paraná, descobriu um novo capítulo de fatos históricos que aconteceram durante o regime militar. A descoberta ocorreu mais precisamente no Vale do Ivaí.
Fernando Felippe Rodrigues foi o responsável por encontrar novos compartimentos dentro de uma caverna, construídos por militares perseguidos durante a ditadura, na década de 60, em uma fazenda no município de Mauá da Serra. “O local, de difícil acesso, era conhecido apenas em partes, acreditava-se que o espaço era de apenas 30 M², com dois poços, um seco e outro com água”, explicou o biólogo ao TN Online.
Desconfiei que havia mais do que parecia ali, e junto com o Udson, decidi explorar o local mais a fundo, usando rapel. O resultado é que encontramos novas galerias na caverna, um espaço pelo menos 3 vezes maior do que o já conhecido, cerca de 120 M². Além disso, também encontramos alguns artefatos como pacotes de velas, pedaços de madeira e cordas no local usado como esconderijo por militares perseguidos pelo golpe de 64”, disse Fernando.
A caverna, batizada de “JK”, localizada em uma Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), no interior da Fazenda Monte Sinai, guarda muita história e também mistérios, segundo Udson Mikalouski, biólogo responsável pelo local, que acompanhou a descoberta.
Udson explicou que “os proprietários do local contam que, durante o golpe militar de 1964, Marechal Lott, peça fundamental da posse de Juscelino Kubistchek como presidente do Brasil em 1955, passou a ser perseguido pelo regime”. Lott foi um Ministro de Guerra que teve um papel importante durante a posse de Juscelino Kubitschek e João Goulart.
O ministro foi o responsável por liderar o Movimento 11 de novembro, conhecido como Contragolpe ou Golpe Preventivo do Marechal Lott, um acontecimento político-militar, destinado a assegurar a posse dos eleitos em 1955.
Ele encontrou abrigo na fazenda, que pertencia a um amigo do governador do Paraná na época, o Lupion. Quando soube que o exército iria sobrevoar a região, o Marechal e os soldados que o acompanhavam decidiram fugir para a mata, onde cavaram essas câmaras subterrâneas para se esconder”, explicou Mikalouski.