Pesquisadores encontraram em tábuas de 3,4 mil anos evidências de que o artefato veio de outra região; entenda
Depois de analisarem as tábuas das Cartas de Amarna, inscritas a cerca de 3,4 mil anos atrás, um grupo de pesquisadores egípcios e japoneses encontrou evidências de que a adaga do faraó Tutancâmonnão foi originada no Egito, mas, sim no reino de Mitani.
Os arqueólogos responsáveis pelo estudo, publicado no dia 11de fevereiro na revista Meteoritics & Planetary Science, encontraram uma seção do texto na qual é mencionada uma adaga de ferro. As tábuas com as escrituras datam de quase um século antes da morte do rei, em 1323 a.C.
Os especialistas apontaram que o artefato constava em uma lista de presentes feitos do mesmo metal. O documento citava regalias dadas pelo rei de Mitani, Tusratta, a Amenhotep III, o avô de Tutancâmon.
A adaga herdada pelo faraó menino foi achada dentro de sua tumba no início do século 20 e impressiona por sua data estimada de fabricação. Isso porque, segundo os arqueólogos, a Idade do Ferro ainda não havia começado e levaria tempo até que os humanos aprendessem a aquecer o metal a temperaturas suficientes para a fundição.
Por esse motivo, os cientistas apoiaram a teoria de que a lâmina da adaga teria sido feita a partir do ferro de um meteorito encontrado nas proximidades. Essa tese foi apresentada, inicialmente, em uma outra pesquisa, realizada em 2016.
No novo estudo, o grupo de especialistas utilizou-se de raios-x e de um microscópio, que possibilitaram a descoberta de ferro, manganês e níquel, além de outras matérias-primas como zinco sulfuroso e cloro, na adaga.
As evidências, de acordo com os pesquisadores, apontam que o objeto foi feito a partir de um octaedrito, o maior dos meteoritos de ferro conhecidos. Conforme os autores da pesquisa, o cálcio presente no punho de ouro da adaga veio de um tipo de gesso.
”O gesso contendo cálcio e sem enxofre usado no punho de ouro pode apoiar a ideia de que a adaga de ferro meteorítico de Tutancâmon foi trazida como um presente de Mitanni, conforme registrado nas cartas de Amarna”, diz a pesquisa.
Confira aqui o estudo completo.