Nova pesquisa revela que limitar o consumo de açúcar nos primeiros dois anos de vida pode reduzir significativamente o risco de doenças
Uma nova pesquisa, publicada na revista científica Science, sugere que o consumo excessivo de açúcar nos primeiros anos de vida pode ter consequências duradouras para a saúde.
Cientistas analisaram dados de um período de racionamento de açúcar no Reino Unido após a Segunda Guerra Mundial e descobriram que as pessoas expostas a menores quantidades de açúcar durante os primeiros dois anos de vida apresentaram um risco menor de desenvolver doenças crônicas como diabetes tipo 2, obesidade e hipertensão.
O estudo indica que os primeiros mil dias de vida, desde a concepção até os dois anos de idade, compreendem um período crucial para a programação da saúde futura. Durante esse período, o corpo está se desenvolvendo rapidamente e é altamente suscetível aos efeitos da dieta. A exposição excessiva ao açúcar nesse estágio pode alterar o metabolismo e levar a um maior risco de desenvolver doenças crônicas na vida adulta.
"Dietas maternas ricas em açúcar têm sido associadas a um risco maior de obesidade e distúrbios metabólicos em crianças, possivelmente por fatores como a programação fetal [teoria que considera que a formação do feto e circunstâncias da gestação nesse período podem ter influência ao longo da vida]", diz Tadeja Gracner, uma das pesquisadoras envolvidas, no estudo.
Os pesquisadores acreditam que a exposição precoce ao açúcar pode levar a uma preferência por alimentos doces ao longo da vida, o que pode dificultar a adoção de hábitos alimentares saudáveis. Além disso, o açúcar pode afetar o desenvolvimento do microbioma intestinal, o que pode ter um impacto na saúde metabólica.
Embora seja difícil evitar completamente o açúcar em nossa dieta moderna, os pais podem tomar algumas medidas para reduzir a exposição de seus filhos ao açúcar: Priorizar alimentos naturais, limitar o consumo de alimentos processados, ler os rótulos dos alimentos, e introduzir uma variedade de sabores.
Segundo o G1, os resultados desse estudo reforçam a importância de políticas públicas que promovam a alimentação saudável desde a primeira infância. A indústria alimentícia também deve ser incentivada a desenvolver produtos com menor teor de açúcar, especialmente para crianças.
"A indústria alimentícia deve considerar reformular produtos direcionados a esses grupos à luz das evidências, priorizando o bem-estar das gerações futuras", disse Jerusa Brignardello, professora em dietética e nutrição na Oxford Brookes University, no estudo.
É importante ressaltar que este estudo, assim como qualquer outro, possui suas limitações. No entanto, os resultados são consistentes com outras pesquisas e fornecem evidências sólidas sobre os efeitos do consumo excessivo de açúcar nos primeiros anos de vida.