Veja as imagens - inclusive com o rosto descoberto - e entenda como isso mudou
Uma das grandes controvérsias da década passada foi o concurso de caricaturas de Maomé pelo jornal dinamarquês Jyllands Posten, que causou protestos furiosos no mundo islâmico. Muitos ficaram com a impressão de que a proibição é dogmática e universal, mas não é verdade. É a ideia defendida por muitos islâmicos, mas seus correligionários vêm desenhando o Profeta desde sempre.
Ainda que não haja uma proibição explícita no Corão, a interpretação conservadora que levou aos protestos é de que arte figurativa é uma forma de idolatria. Daí vem toda a tradição de arabescos abstratos, na ausência de imagens convencionais. Mas interpretações variavam de local para local: os xiitas, segmento dominante na Pérsia (hoje Irã), nunca viam o mesmo problema com imagens que os sunitas da Arábia. E os otomanos, apesar de sunitas, também continuaram a criar pinturas. Ainda hoje, os xiitas iranianos e de outros países desfilam ostensivamente pelas ruas com imagens do Imã Ali – aquele cujo assassinato dividiu o islã em dois.
A jornada de Maomé aos céus foi um dos temas favoritos para artistas islâmicos. E não há como ilustrar uma história do Profeta sem incluir o Profeta. Até o século 15, ele aparecia sem censura, mas o endurecimento das regras foi escondendo seu rosto. Em alguns casos, as obras foram vandalizadas pelos herdeiros de seus primeiros donos.
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Raio X
➽ Nome: A Ascensão Mística do Profeta aos Céus➽ Autor: desconhecido➽ Data: 1580➽ Tamanho: 12,7 x 9 cm➽ Técnica: miniatura persa em Khamsa, livro de Nizami Ganjavi➽ Local: Coleção David, Copenhague, Dinamarca