Nos anos 90, humanos foram isolados a vácuo numa redoma autossuficiente, teste para missões espaciais; nada saiu como o planejado
Deveria ser um imenso laboraatório para estudar, entre muitos temas, como futuras missões espaciais levariam vida a outros planetas. As dimensões e a intenção do projeto eram provas da grandiosidade da tarefa. Em uma área fechada de 1,27 hectare, a Biosfera 2 (a biosfera 1, segundo os criadores, era a Terra) reproduziu florestas, desertos e até um mar com corais. Os custos chegaram a US$ 200 milhões.
A chamada Missão 1 entrou no complexo em 1991, quatro anos depois do início da construção, e passou dois anos no local. Os quatro homens e quatro mulheres da equipe deveriam sobreviver no local sem ajuda externa. Com eles, foi importado um verdadeiro Jardim do Éden, com 3 800 espécies de animais e vegetais. Tamanha exuberância trouxe problemas novos. Uma quantidade não contabilizada de microrganismos começou a consumir o oxigênio do projeto, e os responsáveis pelas pesquisas enfrentaram índices dramáticos de CO2, capazes de matar os integrantes da missão. O ar foi trocado de forrna clandestina - o marketing do projeto foi tamanho que a revista Discovery tratou a experiência como o evento mais importante da humanidade depois da conquista da Lua.
Quando a primeira missão terminou, os sobreviventes estavam magros e pálidos. As plantações foram atacadas por pragas. As árvores eram incapazes de fazer fotossíntese. Das 25 espécies animais, apenas oito resistiram - os únicos bichos que se deram bem foram, claro, as baratas.
A segunda missão durou três meses, em 1994, até que problemas financeiros abortaram o projeto. Hoje, a Biosfera 2 faz parte de um grande complexo imobiliário perto de Tucson, no Arizona, e aceita visitas guiadas. A Universidade do Arizona desenvolve pesquisas no local desde 2007.