Há 74 anos, os aliados recorreram ao terrorismo aéreo para destruir a cidade
A estátua na Câmara Municipal de Dresden, que parece contemplar a mais completa devastação embaixo, é um momento de perfeição fotográfica.
O bombardeio de fevereiro de 1945 foi uma das ações mais controversas dos aliados - entre os dias 13 e 15, 1296 bombardeiros americanos e britânicos despejaram 3 900 toneladas de bombas numa cidade que era basicamente um alvo civil. O ministro da Propaganda nazista, Joseph Goebbels, imediatamente publicou a astronômica cifra de 200 mil mortos (estimativas modernas estão por volta de 25 mil).
Goebbels não era mais capaz de salvar nada com sua propaganda. Mas os números ressoaram mesmo nos países aliados, onde a coisa foi vista como uma ação de terror, completamente desnecessária, quando o Terceiro Reich já esperneava impotentemente no chão, com os soviéticos às portas. E não apenas terror como vandalismo: Dresden era mundialmente famosa por sua belíssima arquitetura barroca.
Autoridades aliadas correram para justificar Dresden como um ataque estratégico a uma cidade que tinha fábricas de munição, tropas estacionadas no entorno e serviria de caminho para reforços ao front do leste, contra a União Soviética. Mas nada disso foi atacado. A ação se restringiu ao centro da cidade, com as bombas incendiárias criando horrendos tornados de fogo, que sugavam pessoas e carros para dentro. Foi uma tentativa inútil de encurtar a guerra.
E que, inclusive, atingiu prisioneiros de guerra aliados que se encontravam na cidade: um deles, famosamente, foi o escritor americano Kurt Vonnegut, que faria sua obra-prima de fantasia/ficção científica Matadouro 5 inspirado na experiência.