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Curiosidades / Idade Média

Na Idade Média, seres humanos viviam muito mais do que se imaginava

A crença de que anglo-saxões viviam pouco é fruto de problemas na pesquisa, um estudo conseguiu mostrar a verdade por trás do mito. Entenda

Redação Publicado em 21/02/2020, às 08h00

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The Madwoman, por Theodore Gericault - Getty Images
The Madwoman, por Theodore Gericault - Getty Images

É um clichê entre as pessoas razoavelmente informadas em História: na Idade Média, alguém com 30 anos era considerado velho, no fim da vida. Aos 40, um ancião.

A ideia foi reforçada por arqueólogos, paleontólogos e historiadores, e alimentada pelo cinema e literatura. Mas essa noção popular acaba de ser posta em dúvida por um estudo de 2018, realizado pela Australian National University.

Ao analisar tumbas de três cemitérios anglo-saxônicos do Reino Unido, os arqueólogos Christine Cave e Marc Oxenham concluíram que, entre 475 e 625 d.C., homens e mulheres comumente ultrapassavam os 75 anos de idade, e as mulheres já apresentavam maior expectativa de vida. "As pessoas achavam que você chegava aos 40 e era o máximo que se podia", afirma Cave. "Isso não é verdade."

“Com certeza, o surgimento da medicina moderna e de uma gama de desenvolvimentos sociais levaram a uma maior proporção da humanidade vivendo até a idade avançada”, disse Oxenham para o jornal Seeker. “Contudo, está claro que milhares de anos atrás os humanos também viviam bem aos 80 e 90. Só que não era uma proporção alta deles que conseguia isso.”

Confusão Histórica

A ideia de vida curta, sórdida e brutal veio do método de datação dos corpos mais tradicional. "Quando você está determinando a idade de uma criança, utiliza de marcações de desenvolvimento, como o nascimento dos dentes ou a fusão dos ossos que acontece em certa idade", diz a arqueóloga Christine Cave.

 "Mas quando alguém termina de crescer é cada vez mais difícil determinar sua idade por restos esqueléticos, razão pela qual a maioria dos estudos tem como categoria máxima de idade 40 ou 45 em diante. Assim, efetivamente, eles não distinguem entre uma pessoa saudável de 40 anos e um ancião de 95", complementa Cave

“Aqueles com idade entre 60 e 90 são uma população arqueológica invisível”, resume Marc Oxenham.

Para driblar essa dificuldade, Oxenham e Cave ordenaram, do mais jovem ao mais velho, os restos mortais retirados dos cemitérios, segundo o desgaste da arcada dentária de cada um. Depois, calibraram suas informações por dados conhecidos de populações com um modo de vida semelhante aos anglo-saxões da época - porque diferentes culturas têm diferentes dietas e gastam os dentes de maneira particular.

A análise determinou que sete mulheres e dois homens tinham mais de 75 anos quando morreram. Dez mulheres e seis homens morreram entre 65 e 74 anos. A maioria morreu entre 30 e 44 anos, mas, entre as mais de cem tumbas estudadas, existe um número significativo de idosos.

A maior expectativa de vida das mulheres na época, padrão observado em escala mundial hoje, é importante para pesquisas atuais, que sugerem que fatores genéticos e biológicos são primordiais para a longevidade humana.


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