Rastros de pés e mãos estudados por equipe apontam formas de convivência e atividades inovadoras entre homens da caverna
Rastros de seres humanos rastejando foram encontrados por cientistas em um complexo de cavernas na Itália. A descoberta abre uma importante discussão sobre a longevidade da atividade cultural e de equipe entre os seres humanos da Idade da Pedra, especialmente na exploração de territórios desconhecidos.
O estudo foi realizado por pesquisadores da Itália, Argentina e África do Sul na caverna de Bàsura, em Toirano (explorada e conhecida desde os anos 1950) e promovido pelo Escritório de Patrimônio Arqueológico da Ligúria.
Os rastros, datados de cerca de 14.000 anos atrás, passaram por análises das mais diversas naturezas e técnicas, pelos mais diversos setores da equipe multidisciplinar, na intenção de compreender melhor as formas de convívio e a ação dentro daquele sítio, assim como a natureza da exploração de cavernas por parte desses seres humanos.
Procura-se, por exemplo, determinar o número de pessoas que entraram na caverna, as idades, gêneros, formas de rotina e tipo de rotas tomadas dentro do sistema de cavernas.
Na análise, a equipe estudou 180 faixas de dentro da caverna, encontrando marcas de pé e mão em piso argiloso. Aplicando métodos de datação e escaneamento, a equipe determinou a presença de cinco indivíduos naquele sítio, incluindo dois adultos, um adolescente entre 10 e 12 anos e duas crianças com menos de seis anos, descalços e portando bastões de madeira acesos como forma de iluminação.
A equipe relatou que tais dados indicam uma participação ativa das crianças pequenas no grupo, naquela época. Isso mesmo se tratando de atividades considerável e aparentemente perigosas.
A análise relatou também, pela primeira vez, evidências de rastejamento e marcas de pés em um túnel baixo (rota usada para acessar o interior do complexo de cavernas), demonstrando atividade de exploração. Estudos anatômicos das pegadas sugerem que essas pessoas exploravam os caminhos de pedra com as pernas nuas.
A perícia técnica das marcas de mãos da caverna apontaram dois grupos principais: as marcas intencionais e as não-intencionais. As últimas seriam relacionadas simplesmente à exploração espontânea das cavernas, enquanto as primeiras sugerem o uso de intenções simbólicas e atividades sociais que podem ter ocorrido no interior das câmaras, como contação de histórias e noções de marcação no tempo. Os caçadores-coletores poderiam, nesse sentido, ter como motivação para a atividade nas cavernas a diversão e o convívio, ou mesmo a simples necessidade de buscar comida.