No dia de Natal, 25 de dezembro, comemoramos a vinda ao mundo do profeta, mas será que a data está correta?
Ninguém sabe. Os evangelistas não se importaram em registrar, porque judeus do tempo de Jesus provavelmente não celebravam aniversários. A única referência na Bíblia a um deles é a do faraó do cativeiro (em Gênesis 40:20).
O que dá para saber é que quase certamente não foi em 25 de dezembro do ano 1. Ninguém sabe quem exatamente escolheu o dia, que se estabeleceu no século 3. Conveio-se então que a Anunciação à Virgem pelo anjo aconteceu no equinócio (25 de março), e o Natal, exatos seis meses depois, no solstício de inverno. O dia mais curto do ano, a partir do qual todos os dias se tornam mais longos, uma metáfora para a iluminação.
Veio também a calhar que, no solstício de inverno, os romanos celebravam a Saturnália, um carnaval do qual os bispos queriam ver os fiéis afastados.
Por conveniente que fosse, o chute da Igreja nascente não poderia estar certo. Porque há uma menção a pastores cuidando das ovelhas no campo durante a noite (Lucas 2:8). Isso não podia ser feito em pleno inverno, mas no máximo até novembro.
Também não pode ter sido no ano 1. Jesus nasceu no reino de Herodes, o Grande (Lucas 1:5). Mas Herodes morreu em 4 a.C. Também é mencionado o Censo de Quirino (Lucas 2:1-15). E isso complica mais ainda, pois este aconteceu no ano 6, dez anos após a morte de Herodes. Historiadores preferem ignorar o censo e jogar mais para trás a data, entre 7 e 4 a.C.
Isso torna a Jesus um quarentão. Ou quase. Faça as contas: ele morreu provavelmente em 3 de abril de 33. Essa é a data de um eclipse que coincide com uma páscoa judaica e o governo de Pôncio Pilatos referidos nos evangelhos. Se Jesus nasceu em 7 a.C., teria 40 anos ao ser crucificado. No mínimo, 37.