Do mero excesso ao mais completo terror: eles são lembrados pelo que mandaram goela abaixo
10. Dom João VI (1767 - 1826)
A caricatura do rei português com coxas de frango fritas saindo pelos bolsos talvez seja exagerada, mas há registros de que o monarca gostava do prato. Fontes dizem que comia seis frangos por dia, com torradas. De sobremesa, laranjas ou mangas. Os mercadores do Rio de Janeiro reclamavam da ucharia, a dispensa real, por comprar todos os galináceos disponíveis na cidade.
9. George IV (1762 - 1830)
Outro rei, George chegou a mandar o poeta Leigh Hunt para a cadeia por mencionar sua obesidade. Sua própria irmã disse que era “enorme como uma colcha estufada". Acostumado a banquetes de mais de 100 pratos, precisava de ajuda para montar o cavalo. Um desjejum típico para o monarca consistia em dois pombos, três filés, uma garrafa de vinho, um copo de champanhe, um de vinho do porto e um de brandy.
8. Marcos Gaio Apicius (século 1)
Apicius era tão famoso por suas extravagâncias que livros de receitas ainda ganhavam seu nome três séculos após sua morte. Inventou a torta de línguas de cotovia e devisou um método de criar uma espécie de foie gras de porco: alimentava leitoas com figos secos e as matava com uma overdose de vinho adoçado com mel, consumindo seu fígado.
Papagaio cozido, almôndegas de carne de golfinho e omeletes de água-viva são outras das iguarias que registrou ter comido. Quando gastou toda sua fortuna nos ingredientes mais exóticos, preferiu cometer suicídio a viver de um cardápio mais frugal.
7. Henrique VIII (1491 - 1537)
O rei inglês não ficou conhecido só pelos vários casamentos e condenação à morte de ex-esposas, mas também por seu apetite. Gostava de banquetes suntuosos, e a cozinha do palácio teve de ser reformada: depois da obra, a estrutura ocupava 55 salas e empregava mais de 200 pessoas. Em um ano típico servia 1,2 mil bois, 8,2 mil ovelhas, 2,3 mil veados, 1,8 mil porcos, 760 bezerros e 53 javalis.
6. Heliogabalo (203 - 222)
Ele governou entre os 14 e 18 anos, e talvez tenha sido o caso máximo de larica da fase de crescimento. O imperador romano criou gosto por banquetes de 12 horas, com cérebros de camelo, línguas de rouxinol, tetas de leitoa e até camundongos assados com papoulas e mel.
A razão de tantos órgãos minúsculos era desperdiçar: matar um bicho inteiro para ficar com um parte menor. Isso era tido como o ápice do luxo em Roma. Em um banquete, diz-se ter servido cérebro de 600 avestruzes. Chegou a gastar 3 milhões de sestércios, em uma única refeição — suficiente para pagar o salário de 2.500 legionários por um ano. Foi assassinado e atirado no rio Tibre.
5. Charles Darwin (1809 - 1882)
Seguindo o método de seu predecessor William Buckland, Darwin era conhecido por seu estudo das espécies, e se arriscava a apreciá-las à mesa. Em sua juventude, foi presidente do Clube dos Glutões da Universidade de Cambridge, cuja missão era comer animais “até então desconhecidos ao paladar humano”. De iguanas a tatus e emas, aproveitou suas viagens para provar de tudo. Só não gostou da carne de coruja.
4. Adolf Frederick (1710 - 1771)
O rei da Súecia entrou para a História como o monarca que se matou de tanto comer. Numa refeição regular — nem era banquete —, após comer uma sequência de lagosta, caviar, chucrute, arenque e champanhe, decidiu completar com 14 semlas, espécie de sonho recheado com pasta de amêndoas e coberto com creme. Não passou do fim do dia.
3. Nicholas Wood (1585 - 1630)
O Grande Comilão de Kent era um fazendeiro robusto, mas não obeso, que começou a se apresentar em feiras, fazendo apostas de quanto poderia comer. Acabou por se tornar uma espécie de herói local. Mas caiu em decadência: um dia, perdeu uma aposta, ao desmaiar, inflado como um balão, no meio da comilança e, por pouco, não morrer.
Depois, seria tapeado: um de seus desafiantes preparou uma refeição de doze pães grandes encharcados em cerveja. Wood desmaiou de bêbado. Sem sua reputação, morreria na miséria, após "comer" sua propriedade.
2. William Buckland (1784 - 1856)
Primeiro a analisar um fóssil de dinossauro, o teólogo, geólogo e paleontólogo fazia parte da Sociedade para Aclimatização de Animais, o que lhe permitia determinar quais espécies podiam ser importadas para o Reino Unido. Ele tinha um método bastante peculiar de testar seus espécimes: através da boca.
Comeu insetos, crocodilos, ouriços, panteras, ursos e cachorros — só recusou repetir toupeira ensopada e mosca. Seu maior "experimento" parece ter sido o canibalismo. Assim que pôs os olhos no coração do rei Luís XIV da França, preservado por dois séculos, Buckland mandou tudo para dentro.
1.Tarrare (1772 - 1798)
Com seu apetite anormal, foi expulso de casa pela família e se juntou a um grupo de prostitutas e ladrões, roubando para viver. Depois, começou a se apresentar em Paris, engolindo uma cesta de maçãs inteiras, passando a seguir a animais vivos — gatos, pombos e filhotes de cachorro.
O Exército da França revolucionária se interessou por seus "talentos", e foi convocado a atuar como espião, engolindo documentos secretos. Não deu certo e acabou preso e torturado pelos inimigos prussianos. De volta, internou-se num hospital para tentar se curar e, assim, evitar ser recrutado novamente.
Apesar dos melhores esforços (e experimentos) dos médicos, não funcionou. Passou a fugir de noite para comer o lixo do açougue e da calçada. Depois passou devorar o sangue tirado dos pacientes. Tentou atacar corpos no necrotério. E, por fim, foi acusado de engolir um bebê de 14 meses.
Era uma figura realmente estranha: magro, mas com uma enorme manta de pele solta no abdômen que, quando comia, se distendia como um balão. Seus dentes eram gastos, seu cabelo era fino e dizia-se que era insuportavelmente fedorento, particularmente após comer. Acredita-se hoje que sofresse de uma versão extrema de hipertireoidismo, causando um metabolismo monstruosamente rápido.
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4. A origem das espécies: A origem das espécies por meio da seleção natural ou a preservação das raças favorecidas na luta pela vida, de Charles Darwin (2014) - https://amzn.to/2PdRuyx
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