Confira uma linha do tempo com grandes acontecimentos que marcaram a vida do religioso nordestino
Dono de um carisma arrebatador, Cícero Romão Batista ainda detinha grandes parcelas de terras, cabeças de gado e de diversos imóveis — propriedades que lhe garantiam uma influência considerável entre a alta sociedade do sertão do Cariri.
Foram seus anos como presbítero da Igreja Católica, no entanto, que transformaram o cearense em uma figura respeitada no nordeste do século 20. Conhecido como Padre Cícero ou Padim Ciço, ele conquistava as pessoas pelo coração e pela fé.
Conheça, a seguir, 13 fatos sobre a impressionante trajetória do padre Cícero:
Nasce no Crato, sertão do Ceará, no dia 24 de março, Cícero Romão Batista. O pai era um pequeno comerciante, a mãe, dona de casa muito religiosa. Cresceu em uma casa cheio de irmãos e primos.
Aos 12 anos, sob influência da leitura de um livro sobre São Francisco de Sales, faz voto de castidade.
Ingressa no seminário de Fortaleza, de onde sairia padre cinco anos depois. Foi ordenado em 30 de novembro de 1870.
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Visita pela primeira vez a vila do Juazeiro, no município do Crato. Era dia de Natal e coube ao padre Cícero celebrar a Missa do Galo.
No dia 11 de abril, vai a Juazeiro para ficar. É designado vigário da capela da vila.
No dia 1º de março ocorre o chamado “fato extraordinário” de Juazeiro. Ao dar a comunhão à beata Maria de Araújo, a hóstia teria se transformado em sangue. O polêmico milagre fez do padre “um santo popular” do Nordeste.
No mesmo ano, no dia 15 de novembro era proclamada a República. Ao contrário de movimentos “sebastianistas” como Canudos, padre Cícero adere automaticamente aos republicanos.
O suposto milagre arrastou multidões para a pequena vila de Juazeiro, trazendo-lhe fama e prosperidade. Mas também rendeu ao padre a cassação de sua ordem, acusado pelas autoridades do Vaticano de promover embustes e gerar fanatismo.
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Lidera o movimento para emancipação de Juazeiro e torna-se o primeiro prefeito do novo município. No mesmo ano é assinado o “Pacto dos Coronéis”, sob suas bênçãos. O acordo fortalece a aliança entre latifundiários e políticos para apoiar a família Accioly, que governa o Ceará.
Rabelo assume o governo do Ceará e envia 200 soldados ao Crato para combater o cangaço. Não prende ninguém e passa a acusar o padim de “coiteiro” dos bandidos.
Durante a Guerra de Juazeiro, a cidade expulsa as tropas de Franco Rabelo. Sob as ordens do padre, reuniu-se um exército de migrantes, romeiros e cangaceiros. No mesmo ano, morre a beata Maria de Araújo. Seu túmulo passa a ser alvo da peregrinação.
Em março, Lampião visita Juazeiro. O padre queria que ele se arrependesse, mas Floro desejava convencer o bandido a aderir aos “Batalhões Patrióticos”, que combatiam a Coluna Prestes. No mesmo mês, morre Floro Bartolomeu.
No dia 20 de julho, aos 90 anos, Cícero morre em Juazeiro. Cerca de 100 mil pessoas se aglomeram para velar o corpo. Meses depois, as autoridades da Igreja demolem o túmulo de Maria de Araújo.