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Matérias / Personagem

Floro Bartolomeu, o braço político do 'santo' do Juazeiro

Atraído pelas minas de cobre de Coxá, o jornalista viajou até Meca do Cariri, onde conheceu e passou a influenciar padre Cícero

Xico Sá Publicado em 05/12/2021, às 09h00

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Fotografias de Floro Bartolomeu e padre Cícero, respectivamente - Domínio Público/ Creative Commons/ Wikimedia Commons
Fotografias de Floro Bartolomeu e padre Cícero, respectivamente - Domínio Público/ Creative Commons/ Wikimedia Commons

O médico e jornalista baiano Floro Bartolomeu da Costa chegou à Meca do Cariri em 1908, quando o padre Cícero já era famoso por sua liderança apostólica. Era um sujeito prático e sua intenção em Juazeiro era explorar as minas de cobre de Coxá.

Lá, descobriu que muitas das terras ricas em minério estavam sob o controle do padre, que as recebia em doação ou como pagamentos de promessas. Floro se apercebeu da chance e se aproximou de padre Cícero.

Para o padim a exploração dos minérios era uma possibilidade de bancar as despesas com as suas tentativas de livrar-se da condenação do Vaticano, que havia cassado seus direitos eclesiásticos. Mas a atividade mineradora não durou muito.

Floro Bartolomeu havia ido garimpar o cobre, mas acabou crescendo os olhos para um negócio muito mais vantajoso, tornar-se, à sombra da consagração popular do padre, um líder político do Nordeste. Em 1911, ele foi o principal responsável pela campanha de emancipação de Juazeiro. Sua influência sobre o padre só crescia.

Ao mesmo tempo que se aproveitava dos “milagres” de padre Cícero, cuidava em combater, junto à imprensa e instituições do poder federal, a imagem de que Juazeiro seria um antro de cangaço e fanatismo. Com o episódio de Canudos ainda fresco na memória, essa fama poderia motivar um novo massacre.

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Era ele quem intermediava o apoio do padre a causas políticas locais e, em dezembro de 1913, esse envolvimento teria o seu momento de maior destaque. Era o estouro do que seria conhecido depois como “Guerra de 1914” (pois só acabou no final de janeiro daquele ano), quando o povo de Juazeiro lutou contra as tropas do governador.

A resistência, convocada e liderada por Floro, reuniu fiéis, camponeses e cangaceiros. Após a vitória, sua posição de defensor e representante da região seria incontestável. Foi eleito deputado federal, com o apoio dos coronéis e a bênção do padre.

Ardiloso e cruel com os adversários, tinha carta branca do religioso para as suas alianças com os coronéis e cangaceiros, que ele convocava sempre que precisava mostrar força militar. Foi assim que, em 1926, negociou com o bando do próprio Lampião para que este se engajasse na perseguição e no combate à Coluna Prestes. O braço político do padre morreu naquele mesmo ano, no Rio de Janeiro.