Menina austríaca virou soberana da França, entretanto, caiu em desgraça às vésperas da Revolução Francesa
Entre 1779 e 1782, Maria Antonieta transformou parte do Petit Trianon numa réplica das vilas camponesas da França, com casinhas simples, vacas e ovelhas. Todavia, longe de Versalhes, os camponeses e o resto do povo francês viviam um período difícil. A economia cambaleava, com o governo atolado em dívidas. Os gastos com a guerra na América, que acabou em 1783, só pioraram o cenário.
A rainha, então, ganhou, então, um novo apelido: “Madame Déficit”. Os gastos da rainha tinham um impacto mínimo no total das despesas da nação, é verdade. Mas seus hábitos extravagantes se tornaram o principal alvo da revolta popular contra tudo o que havia de errado no governo.
A fome
A péssima colheita de 1788 deixou os camponeses famintos e desesperados. Enquanto isso, a classe média (a burguesia) reclamava dos privilégios dos nobres. Debaixo de tantas críticas, Luís XVI tomou a pior decisão de seu reinado. Convocou, para maio de 1789, uma reunião dos chamados Estados Gerais: uma assembleia reunindo representantes do clero, da nobreza e do povo.
Em vez de apoiar as tímidas reformas que o rei pretendia fazer, os Estados Gerais logo foram dominados pelos não-nobres. Em 9 de julho, eles conseguiram criar a Assembleia Nacional Constituinte. Enquanto os camponeses de toda a França se revoltavam contra seus senhores e o povo de Paris destruía a Bastilha, a assembleia abolia o regime feudal e os privilégios da nobreza.
Em outubro, o povo rebelado invadiu Versalhes. Durante duas noites de agonia, Luís XVI e Maria Antonieta ficaram sitiados com os filhos, vários nobres e uns poucos guardas. Aos gritos, a multidão exigiu a presença da rainha no balcão do palácio.
Quando ela apareceu, sua figura altiva acalmou um pouco os ânimos. Mas a família real acabou aceitando as reivindicações do povo: aceitou abandonar a “ilha da fantasia” de Versalhes e se estabelecer em Paris.
A Assembleia Nacional exigiu então que o rei governasse com uma câmara de representantes do povo. Mas Luís XVI não aceitava dividir o poder. Em junho de 1791, ele e a rainha tentaram fugir da França, mas foram pegos e levados de volta a Paris. Sem alternativa, passaram a esperar ajuda da nobreza de outros países.
Tragédia anunciada
Maria Antonieta manobrou nos bastidores para que seus parentes atacassem a França. A Assembleia Nacional acabou facilitando: como queria expandir a revolução pela Europa, ela deu apoio para que Luís XVI declarasse guerra contra a Áustria.
Auxiliadas pela Prússia (hoje parte da Alemanha), as forças inimigas invadiram o país e ameaçaram marchar sobre Paris se a família real sofresse algo. O fato foi visto pelo povo como sinal de que Luís XVI era um traidor.
Em 20 de setembro de 1792, as forças francesas detiveram os invasores. No dia seguinte, a república foi proclamada e a família real foi presa. O ódio contra a nobreza atingiu o ápice. Uma das melhores amigas da rainha, a princesa de Lamballe, foi linchada. Ao saber da notícia, MariaAntonieta entrou em pânico e desmaiou.
Em janeiro de 1793, Luís XVI foi guilhotinado. Isolada na prisão, Antonieta passou a vestir apenas preto. Foi levada a julgamento, acusada até de incesto com o filho mais novo. O processo não trouxe qualquer evidência concreta contra Maria Antonieta.
Quando o júri exigiu uma explicação sobre o incesto, a ex-rainha gritou: “Se não respondi, foi porque a natureza se recusa a responder tal acusação feita a uma mãe. Apelo às mães aqui presentes!”
Foi o único momento em que o público protestou em sua defesa. Condenada à morte, Maria Antonieta viveu um papel que não combinava com ela, o de vítima. Em 16 de outubro de 1793, foi guilhotinada em praça pública.
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