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Ricardo Brennand: o senhor das armas

Dono de um castelo com mais de 3 mil armas, o empresário pernambucano conta como recolheu suas peças raras, entre elas 27 conjuntos de armaduras

Katia Calsavara Publicado em 01/11/2006, às 00h00 - Atualizado em 23/10/2017, às 16h36

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Aventuras na História - Arquivo Aventuras
Aventuras na História - Arquivo Aventuras

O empresário pernambucano Ricardo Brennand, de 79 anos, não faz parte daquele grupo típico de colecionadores que, quando muito, têm um quartinho nos fundos da casa para guardar suas peças. Brennand resolveu erguer logo um castelo para conservar suas preciosidades. Também pudera. Sua coleção de armas, resultado de mais de cinco décadas de buscas pelo mundo, reúne atualmente mais de 3 mil peças, entre as quais 27 armaduras medievais completas. É considerada uma das maiores coleções de armas brancas do mundo.

Os objetos ficam expostos para o público no Museu das Armas, uma das principais atrações turísticas de Recife. O local faz parte de um complexo de 77 mil metros quadrados onde funciona também uma pinacoteca e, em breve, será inaugurada uma biblioteca com 100 mil exemplares. O museu, também chamado de Castelo São João, foi construído em estilo Tudor - escola arquitetônica inglesa dos séculos XV e XVI -, com calabouço, portas secretas, vitrais antigos e um altar em estilo gótico. Lá, tudo lembra um verdadeiro castelo, das portas pesadas e tijolos à vista aos portões ornamentados e de cores escuras.

Nascido em Cabo de Santo Agostinho (PE), em uma família de origem inglesa, Brennand já administrou negócios nos setores de cimento, azulejo, vidro, porcelana, aço e açúcar. Em 1990, o empresário vendeu suas fábricas e decidiu usar parte dos recursos para fundar o Instituto Ricardo Brennand, uma sociedade sem fins lucrativos que mantém o museu. O empresário diz que começou a colecionar armas brancas aos 12 anos, quando ganhou do pai seu primeiro canivete. “Mais tarde, nas viagens de negócios que fazia pelo mundo, passei a adquirir obras de arte que apreciava, principalmente armas brancas e armaduras”, conta Brennand.

Quem olha o castelo de fora imagina que vai encontrar lá apenas peças medievais, mas a maior parte do acervo é de períodos mais recentes. “Meu interesse pelas peças, inclusive as armaduras, é pela qualidade do trabalho, e não por suas localizações no tempo”, diz Brennand. Além das armas, o museu reúne tapeçaria, mobiliário, esculturas, artes decorativas e artes visuais. Entre as armaduras, o destaque é um conjunto completo e raro, em estilo Maximiliano, do século XV. Na coleção, há desde peças ligadas por milhares de anéis de ferro às de placa, com peças articuladas. Espalhadas pelo salão do museu estão várias armaduras de combate do século XVII feitas em estanho. Há até mesmo armadura para cachorro, do século XIV, um sarcófago, espadas e facas-pistola (que possuem armas de fogo acopladas).

Ao ser questionado sobre quais seriam suas peças prediletas de sua rica coleção, Brennand não fugiu do combate: “Gosto muito das minhas espadas do rei Faruk I, do Egito, do século XV”, disse. Ele também destacou uma pistola alemã de 1590 que, segundo ele, é uma das apenas nove do gênero espalhadas pelo mundo. “Para um colecionador, possuir peças tão refinadamente concebidas e raras é algo especial”, afirmou. Entre as peças de combate expostas também estão clavas, lanças e morningstars, aquelas temidas esferas com pontas. “A coleção é bastante abrangente, tanto na procedência quanto no século de criação”, disse Brennand. “A própria idéia de construir os edifícios com uma mistura do estilo inglês Tudor com o neogótico, de séculos diferentes, mostra bem essa variedade.”

Telas das invasões holandesas

Apaixonado pela história das invasões holandesas no Brasil, Ricardo Brennand reuniu em sua pinacoteca vários quadros de artistas conhecidos por retratar o período, entre eles o holandês Frans Post (1612-1680) e o francês Jean Baptiste Debret (1768-1848). A pinacoteca abriga a maior coleção privada de Post do mundo. Há também peças de tapeçaria, decoração e mobiliário histórico, provenientes de vários países da Europa, além da Índia e do Japão. Outro programa interessante é fazer um passeio pelos jardins do castelo, uma área de 18 mil hectares com esculturas espalhadas por toda a parte e recortada por lagos. Chama a atenção do visitante, em especial, uma reprodução da escultura em mármore O Rapto de Sabina, do italiano Francesco Zern, de 4,2 metros de altura.

Para saber mais

Instituto Ricardo Brennand

Alameda Antônio Brennand, s/n, Várzea, Recife (PE)

Tel. (81) 2121-0365/0300

De terça a domingo, das 13h às 17h. Entrada gratuita mediante agendamento.

www.institutoricardobrennand.org.br