Francisco de Assis, o "Maníaco do Parque" - Reprodução/Vídeo/Youtube
Maníaco do Parque

Maníaco do Parque se arrepende dos crimes? Escritora se aprofunda no tema

Em entrevista, Simone Lopes, autora de "Maníaco do Parque - A Loucura Lúcida", discute a mente de um psicopata como Francisco de Assis

Gabriel Marin de Oliveira, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 29/09/2024, às 14h00

Guaraci, uma pequena cidade paulista, foi o berço de um dos maiores serial killers do Brasil. Em 29 de novembro de 1967, nasceu Francisco de Assis Pereira, um nome que, anos mais tarde, se tornaria sinônimo de terror ao redor do Brasil.

A vida de Francisco parecia comum. Ele trabalhava como motoboy, mas, por trás da fachada de um homem simples, escondia-se um homem doente. Em 1998, a capital paulista foi sacudida por uma série de crimes brutais que chocaram a população. Corpos de jovens mulheres foram encontrados no Parque do Estado, todos com marcas de violência sexual e mortas de forma cruel.

A polícia logo percebeu que os casos estavam conectados, e um retrato falado foi elaborado com base no relato de uma sobrevivente. A imagem de um homem de aparência comum, mas com um olhar frio, foi divulgada para todo o país.

A caçada ao assassino estava desencadeada. Após semanas de investigações, Francisco de Assis Pereira foi preso em Itaqui, no Rio Grande do Sul. Confessou os crimes e revelou detalhes macabros sobre seus atos. Ele foi condenado por matar sete mulheres e por estuprar mais de uma dezena de jovens.

'A Loucura Lúcida'

A história de Assis é revivida pela escritora Simone Lopes Bravo, que convida o leitor a uma profunda reflexão sobre a natureza humana em seu novo livro, "Maníaco do Parque - A Loucura Lúcida".

A obra, que vai além da mera biografia do serial killer, explora a complexidade da mente de um psicopata e, em particular, a questão do arrependimento – um sentimento que parece estar fora do alcance de indivíduos com tais desvios de conduta.

Capa do livro 'Maníaco do Parque - A Loucura Lúcida' - Andre Gazire

Em entrevista ao site Aventuras na História, Simone, que trabalha como fonoaudióloga em Portugal e já trabalho com crianças que têm problemas psiquiátricos, revela que a ideia de escrever sobre o tema surgiu de sua própria experiência com crianças que possuem patologias permanentes.

"O contato com pacientes que apresentavam distúrbios psiquiátricos me proporcionou uma visão mais aprofundada sobre as nuances da mente humana", explica a autora.

A escolha por Francisco de Assis como protagonista da obra foi fruto de uma conexão inesperada. "Eu escrevi várias cartas, para mais ou menos 7 ou 8 reclusos, e só o Francisco me respondeu positivamente. Não fui eu quem o escolhi, mas ele quem me escolheu", revela.

A correspondência com o serial killer permitiu à autora construir um retrato mais humano e complexo do indivíduo por trás dos crimes.

Ele está arrependido?

Em uma das cartas escritas por Francisco, disponível no livro, o serial killer afirma não precisar pedir desculpas, pois, já foi perdoado: “sim a maldição foi quebrada extraordinariamente, porque o arrependimento foi sincero, que foi levado muita a sério, encontrei tudo o que de mim já estava escrito: eu corrijo e castigo todos os que amo, portanto, levem a sério e se arrependam sendo feito assim, não tem mais que ficar pedindo perdão para ninguém”.

Uma das questões respondidas por Simone é a possibilidade de um psicopata sentir arrependimento. Ela explica que, conforme os conhecimentos atuais da psiquiatria, o arrependimento em um psicopata é um fenômeno complexo e muitas vezes questionável.

"O que observamos no caso dele é mais uma espécie de 'conversão mágico mística' do que um verdadeiro arrependimento", afirma a autora.

A escritora destaca que o arrependimento, como o entendemos, envolve a capacidade de empatia, a consciência das consequências de seus atos e a vontade de reparar os danos causados.

No caso dos psicopatas, essas habilidades estão comprometidas, o que dificulta, senão impossível, que eles experimentem um arrependimento genuíno", explica ela.

A obra também levanta importantes questionamentos sobre a ressocialização de indivíduos com transtornos de personalidade antissocial.

Simone argumenta que, embora a reabilitação seja um direito de todos, a possibilidade de reintegrar um psicopata à sociedade de forma segura é extremamente complexa e exige um acompanhamento especializado ao longo de toda a vida.

"Aqui fora existem perigos e vários sentimentos que ele vai experimentar, que lá dentro ele não experimenta. Vai ter frustração, vai ter que lidar com pessoas," finaliza.

A entrevista completa com Simone Lopes será publicada em breve nas redes sociais da Aventuras na História. 

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