Uma das figuras mais marcantes do Egito Antigo até hoje é reverenciada por sua beleza exuberante e seu reinado de luxo e poder. Mas será que era realmente assim?
Fabio Previdelli Publicado em 05/04/2020, às 12h00
1. Cleópatra não era egípcia
Apesar de ter sido apelidada como a Rainha do Nilo, Cleópatra tinha raízes que remontam a Grécia macedônia e a Ptolomeu I, um dos generais de Alexandre, o Grande. Após a morte de Alexandre, em 323 a.C., Ptolomeu ficou responsável pelo império egípcio. Apesar de não ser etnicamente egípcia, Cleópatra adotou muito dos costumes antigos de seus pais e foi o primeiro membro da linha ptolomaica a aprender o idioma egípcio.
2. Fruto de um incesto
Como muitos casos reais, os membros da dinastia ptolomaica geralmente se casavam dentro de suas famílias, o que era visto como uma forma de preservar a pureza de sua linhagem. Assim, diversos ancestrais da Rainha do Nilo se uniram a primos ou até mesmo irmãos.
É muito provável que os pais de Cleópatra fossem irmão e irmã. O costume foi seguido por ela, que acabou se casando com seus dois irmãos adolescentes, Ptolomeu XIII e Ptolomeu XIV.
3. Longe da versão Hollywoodiana
A propaganda romana pintou Cleópatra como uma mulher sedutora que usava seu apelo sexual como arma política. No entanto, é consenso que ela ficou mais conhecida por seu intelecto do que pela aparência.
Cleópatra falava até uma dúzia de idiomas e tinha conhecimentos em áreas como matemática, filosofia, oratória e astronomia. Além do mais, moedas com seu retrato a mostram com feições masculinas e um nariz grande e curvado. Ou seja, muito diferente do que foi reproduzido em Hollywood através da atuação de Elizabeth Taylor.
Apesar de historiados afirmarem que ela se retratou intencionalmente assim para demonstrar sua força, o antigo escritor Plutarco afirmou que a beleza de Cleópatra “não era de todo incomparável”.
4. Ela esteve envolvida na morte de três de seus irmãos
A briga pelo poder e planos de assassinato eram tão comuns na tradição ptolomaica quanto o casamento entre familiares, e com Cleópatra e seus irmãos e irmãs não foi diferente. Seu primeiro marido, Ptolomeu XIII, expulsou-a do Egito depois que ela tentou tomar posse do trono. Mais tarde, a dupla se enfrentaria em uma guerra civil no qual ela recuperou vantagem ao se juntar com Júlio César. Ao ser derrotado, Ptolomeu morreu afogado no Nilo.
Após a guerra, Cleópatra se casou novamente com seu irmão mais novo, Ptolomeu XIV, mas acredita-se que ele o tenha assassinado em uma tentativa de tornar seu filho como co-governante. Já em 41 a.C, ela também projetou a execução de sua irmã, Arsínoe, que ela considerava uma rival ao trono.
5. Sabia fazer uma entrada triunfal
Ela acreditava ser uma deusa viva e costumava usar a encenação para conquistar seus aliados em potencial e reforçar seu status de divindade. Um dos momentos mais sublimes teria sido seu encontro com Marco Antônio em 41 a.C.
Quando foi convocada para conhecê-lo, ela teria chegado em uma barcaça dourada adornada com velas roxas e movidos com remos de prata. Cleópatra havia sido maquiada para parecer com a deusa Afrodite. Ela estava sentada embaixo de um dossel dourado enquanto pessoas vestidas de cupido a abanavam e queimavam incenso com cheiro doce. Marco Antônio, que era considerado a personificação do deus Dionísio, teria ficado instantaneamente encantado.
6. Cleópatra morava em Roma na época do assassinato de César
Cleópatra conheceu Júlio César em Roma no ano de 46 a.C, e sua presença parece ter causado um grande rebuliço. César não escondeu que ela era sua amante e muitos romanos ficaram escandalizados quando ele ergueu uma estátua dourada dela no templo de Vênus Genetrix.
No entanto, ela foi forçada a fugir de Roma quando César foi esfaqueado até a morte no senado romano em 44 a.C, mas a essa altura ela já havia deixado sua marca na cidade. Seu penteado exótico e joias de pérolas se tornaram uma tendência e, de acordo com o historiador Joann Fletcher, “tantas mulheres romanas adotaram o ‘visual de Cleópatra’ que muitas vezes elas eram confundidas com a própria”.
7. Cleópatra e Marco Antônio criaram seu próprio clube da bebida
Cleópatra começou seu lendário caso de amor com o general Marco Antônio em 41 a.C. O relacionamento deles tinha um componente político, ela precisava dele para proteger sua coroa e manter a independência do Egito, enquanto ele precisava de acesso às riquezas recursos da nação da rainha.
Mas apesar do interesse, eles eram apaixonados pela companhia um do outro. No inverno de 41 e 40 a.C, o casal teria formado até seu próprio grupo de bebidas, intitulado “Inimitable Livers”, algo como Fígados Inimitáveis. Eles se envolviam em festas noturnas para beber vinhos e ocasionalmente participavam de jogos e concursos elaborados.
8. Ela liderou uma frota em uma batalha naval
O casamento com Marco Antônio gerou três filhos, mas também resultou em um grande escândalo em Roma. Seu rival Otaviano — posteriormente conhecido como Augusto, o fundador do Império Romano — teria usado propagandas falsas para retratá-lo como um traidor que estava sob o domínio de uma sedutora. As notícias logo ganharam força e em 32 a.C, o senador romano declarou guerra contra Cleópatra.
O conflito atingiu seu clímax no ano seguinte durante a famosa Batalha de Áccio. Cleópatra liderou pessoalmente dezenas de navios de guerras egípcias na briga ao lado da frota de Marco Antônio, mas eles não eram páreo para a marinha de Otaviano. A batalha logo se transformou em uma derrota e os dois foram forçados a romper a linha romana e fugir para o Egito.
9. Sua morte é um eterno mistério
Cleópatra e Marco Antônio tiraram a própria vida em 30 a.C, depois que as forças de Otaviano os perseguiram até Alexandria. Enquanto se diz que Marco Antônio se apunhalou fatalmente no estômago, o método de suicídio de Cleópatra permanece um mistério.
É amplamante divulgado que ela adquiriu uma Asp, ou serpente egípcia, para morder seu braço. Porém, Plutarco admite que “o que realmente aconteceu não é conhecido por ninguém”.
10. Um filme de 1963 sobre Cleópatra foi uma das produções mais caras de todos os tempos
A Rainha do Nilo foi retratada por diversas artistas hollywoodianas como Claudette Colbert e Sophia Loren, mas ela realmente ficou eternizada pela interpretação feita por Elizabeth Taylor em 1963.
O filme foi permeado por problemas de roteiro e produção, e seu orçamento, que era de 4 milhões de dólares, subiu para assombrosos 44 milhões. Este foi o filme mais caro já feito no momento de lançamento e quase faliu o estúdio que o produziu, mesmo tendo arrecadado uma fortuna nas bilheterias. Se a inflação for levada em consideração, Cleópatra continua sendo um dos filmes mais caros da história até hoje.
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