É possível que a antiga celebração nórdica tenha contribuído para as tradições natalinas modernas
Poucas pessoas sabem, mas a violenta celebração viking, chamada Yule, influenciou as tradições modernas de Natal. Embora seja um feriado cristão que comemora o nascimento de Jesus Cristo, este festival foi criado a partir de diversas manifestações culturais de povos antigos.
Na Europa pré-cristã, vikings, tribos germânicas e outros povos, utilizavam esta data para homenagear o solstício de inverno, que era regado a muita música, comida, bebida e sacrifício. No entanto, com o nascimento do Cristianismo, o Yule foi desaparecendo.
A primeira menção do festival pode ser encontrada na obra do historiador Bede, um monge inglês que foi essencial para disseminar o Cristianismo na Inglaterra. Em seus escritos de 725 d.C., o escritor descreveu que os feriados dos britânicos pagãos, anglo-saxões e vikings coincidiam com os meses romanos de dezembro e janeiro.
Segundo estudos, para estes povos, o retorno de longos dias de Sol era considerado uma espécie de renascimento, sendo celebrado em um importante festival.
Já no século 19, durante pesquisas sobre os vikings, especialistas encontraram menções de tradições natalinas dos antigos nórdicos, que ainda hoje são praticadas pela sociedade. No Yule, as pessoas reverenciam os deuses mais simbólicos, sendo um deles Odin, cujo um dos nomes era Jólnir.
Os antigos europeus, acreditavam que o período que antecedia o festival era regado de atividades sobrenaturais. Portanto, para apaziguar espíritos inquietos e satisfazer os desejos dos deuses, eles realizavam sacrifícios de animais.
Para afastar a escuridão e celebrar o retorno do Sol, os vikings reverenciavam, ainda, árvores. Durante o ritual, uma fogueira era acesa para garantir calor no decorrer da noite mais longa do ano.
Além disso, outras árvores eram montadas dentro das casas e decoradas com pedaços de comidas, estátuas e fitas. Ainda hoje, árvores são erguidas na época do Natal, sendo uma das heranças dos antigos europeus pagãos.
No entanto, os rituais de Yule eram muito mais controversos e assustadores, pois incluíam, ainda, o sacrifício de animais e estima-se que até mesmo de humanos. Embora não existam provas contundentes de pessoas que foram mortas durante o festival, há relatos que jovens foram assassinados para expiar os crimes mundanos.
Acredita-se que o Yule tenha surgido com o sacrifício de um javali, que foi dado em oferta ao deus da virilidade, Freyr, e a sua irmã gêmea Freyja, a deusa da fertilidade. É possível encontrar tal menção no poema inglês Beowulf, onde o herói jurou ter matado o dragão Grendel durante uma cerimônia. Sabe-se que durante as celebrações jovens se vestiam com exuberantes fantasias e dançavam e cantavam em torno das casas em troca de bebidas e alimentos.
Em decorrência do avanço do Cristianismo, o ritual foi desaparecendo ao longo dos anos. Os cristãos abominavam a cultuação de vários deuses, no entanto, devido a recepção violenta dos vikings e de outras tribos germânicas, os missionários aprenderam sobre os mitos e práticas dos povos nórdicos. Com o passar do tempo, interligaram essas duas culturas para conversão de pessoas que relutavam em abdicar de suas crenças centenárias.
Uma das soluções encontradas foi mudar o real dia do nascimento de Jesus Cristo, para coincidir com as celebrações de povos considerados pagãos. Portanto, o aniversário do profeta cristão pode ter sido baseado nos calendários nórdicos. No entanto, outra teoria aceita, é que o rei norueguês Haakon decidiu vincular o Yule ao Natal para converter o país ao Cristianismo durante o século 10 d.C.
Na atualidade, algumas das celebrações vikings resistiram ao tempo, entre elas o tronco de Yule, que possivelmente originou a árvore de Natal. Outra tradição que não desapareceu foi a imagem simbólica de Odin, que para muitos historiadores foi transformada no Papai Noelou São Nicolau.
Acredita-se que durante os séculos 18 e 19, imigrantes da Alemanha e da Escandinávia tenham trazido para as Américas suas tradições natalinas. Portanto, é possível que muitas das crenças atuais existam graças aos rituais dos antigos povos europeus.