Em entrevista exclusiva, a pesquisadora Jaqueline Uzai conta sobre o funcionamento da Alemanha Nazista e esclarece questões sobre a ética dos alemães
Nazismo é um dos temas mais procurados por quem se interessa por história, mas é permeado por muitos mitos e interpretações passionais. Muitas vezes esquecemos, por uma desavença justificada com a ideologia nazista, que os alemães dos anos 1930 também possuíam suas ideias, sua moral, sua ética e seus preconceitos.
E tudo isso era perpassado pela legislação do Terceiro Reich, que era, ao mesmo tempo, totalitária e muito confusa. Essa relação, entre ética e a Lei, é o tema da pesquisa Fronteiras criminais do nazismo: lei e moral no discurso de Konrad Morgen, da pesquisadora Jaqueline Uzai Tavares (DH-USP).
Uzai é estudante e pesquisadora pelo Departamento de História da FFLCH-USP e realiza essa pesquisa historiográfica, que inevitavelmente abarca temas da Política e da Filosofia, sob a orientação do pesquisador Prof. Dr. José Antonio Vasconcelos, filósofo e historiador.
Nela, a pesquisadora traça as relações entre a legislação alemã durante a Guerra e o Holocausto com as percepções sobre o mundo e a sociedade a partir dos registros de caso do juiz e membro da SS, Konrad Morgen.
O estudo analisa argumentos e as lógicas dos nazistas que julgavam e eram julgados em campos de concentração, tal quais as motivações e os objetivos da forma como o juiz tomava as decisões com base no aparato legal que tinha em mãos e como ele lidava com ele.
O objetivo é tentar entender como a lei e a moral eram usadas como uma forma de legitimação política mesmo em um contexto histórico horrendo — durante a perpetuação de um genocídio.
Confira a entrevista abaixo.