A favor das ideais liberais, a princesa foi duramente criticada pela corte prussiana
Nascida em 1840, Vitória Adelaide, a princesa real do Reino Unido, foi a primeira filha da rainha Vitória com o príncipe Alberto de Saxe-Coburgo-Gota. A favor das ideias liberais, casou-se muito cedo com o príncipe herdeiro Frederico. No entanto, após inúmeros contratempos, a herdeira se isolou cada vez mais, até a sua angustiante morte.
Desde pequena, Vitória Adelaide era considerada uma criança inteligente e excelente aluna, embora fosse descrita como teimosa em certas ocasiões. Aos 11 anos, ela conheceu o príncipe Frederico, filho do príncipe herdeiro Guilherme da Prússia com a princesa Augusta de Saxe-Weimar-Eisenach. O casal era amigo de seus pais e, quando a Revolução de Março chegou a Berlim, refugiaram-se na corte britânica durante três meses.
Vitória Adelaide ficou responsável por guiar Frederico, que na época tinha 19 anos. Após a breve estadia, o príncipe só voltou a visitar a família real britânica em 1855, quando a princesa havia completado 15 anos. A rainha Vitória, por sua vez, tinha medo que o príncipe não gostasse de sua filha, pois ela não se adequava ao padrões de beleza da época. No entanto, após três dias da sua chegada, Frederico pediu Vitória Adelaide em casamento.
Os soberanos ficaram contentes com o pedido, mas impuseram a condição que sua filha só poderia se casar quando completasse 18 anos. E assim foi feito: em 25 de janeiro de 1858, Vitória e Frederico selaram a união na Capela Real do Palácio de St. James, em Londres.
Após o casamento, Vitória mudou-se para a Prússia, onde encontrou dificuldades para seguir aos costumes da nova corte, o que gerou inúmeras críticas. Em 27 de janeiro de 1859, deu à luz a seu primeiro filho, o futuro kaiser Guilherme II da Alemanha.
Frederico e Vitória foram duramente hostilizados pela família do herdeiro, que tinha um certo preconceito com a origem britânica da princesa. Tal fato se agravou quando Guilherme I subiu ao trono, em 1861. No mesmo ano, o pai de Vitória veio a falecer, o que deixou a princesa devastada.
Ainda de luto, o casal foi surpreendido pelas crises políticas que assolaram o mandato de Guilherme I. Diante de muitas discussões de estratégias, o soberano optou por não abdicar ao trono e nomeou o conde Otto von Bismarck como primeiro-ministro da Prússia. Por serem liberais, Frederico e Vitória criticaram tal atitude, mas de nada adiantou para o rei.
O conflito constitucional prussiano entre liberais e conservadores atingiu seu auge quando Frederico e Vitória foram acusados de conspirar com os parlamentares contra Guilherme I. Cada passo do casal passou a ser minuciosamente observado pelos conservadores, desde viagens até jantares na corte.
A situação se agravou quando Frederico criticou abertamente a política de seu pai e de Bismarck. Guilherme I ficou enfurecido com seu filho, suspendendo-o de suas funções do exército prussiano e excluindo-o da linha de sucessão ao trono. Vitória passou a ser cada vez mais atacada, pois acreditavam que ela pudesse estar envolvida nos discursos liberais do marido, motivo pelo qual passou a ser isolada.
No meio de um cenário caótico, a princesa foi abalada por uma tragédia: a morte de seu quarto filho com pouco menos de dois anos de idade em decorrência de uma meningite. Extremamente triste, Vitória não encontrou amparo e consolo de sua família. Sua sogra logo ordenou que ela voltasse as suas tarefas reais, enquanto sua mãe a repreendeu por sofrer pela perda de um filho.
Frederico, por sua vez, quase nunca estava presente, pois, viajava com frequência. Com o passar dos anos, sua vida foi marcada por conflitos familiares, crises políticas e falta de liberdade.
Aos 90 anos, a saúde de Guilherme I começou a declinar. No entanto, o sucessor ao trono, Frederico, foi diagnosticado com um câncer de laringe, e logo adoeceu. Por apenas 99 dias, Vitória tornou-se imperatriz, até que seu marido veio a falecer em 15 de junho de 1888.
Com a morte recente do pai, o sucessor Guilherme II, logo tratou de vasculhar a residência de Vitória e Frederico, a fim de encontrar documentos que pudessem comprometer seus pais. Como não achou nada, Guilherme II passou a perseguir todos que apoiavam ou estavam relacionados aos seus pais.
Vitória deixou o Novo Palácio de Potsdam para que Guilherme II pudesse se instalar. A viúva mudou-se para Kronberg im Taunus, no antigo eleitorado de Hesse-Cassel, onde construiu o castelo Friedrichshof em homenagem ao seu marido. Após o casamento de todos os seus filhos, Vitória se viu cada vez mais isolada. Politizada e com um temperamento forte, Vitória nunca hesitou em criticar o governo de seu próprio filho, Guilherme II.
Em seus últimos anos de vida, dedicou-se a pintura e a escrita. No final do ano de 1898, foi diagnosticada com um câncer de mama, falecendo em 5 de agosto de 1901 — poucos meses depois de sua mãe, a rainha Vitória. Seus restos mortais foram enterrados ao lado de seu marido, na Cripta Real da Friedenskirche.