Em 2012, um dos organizadores revelou a dificuldade para trabalhar com o grupo britânico rachado nos palcos
Em 1985, o Queen pousava no Brasil para realizar sua segunda apresentação em terras tupiniquins — e não era para menos; quatro anos antes, realizaram uma elogiada apresentação do estádio Cícero Pompeu de Toledo, o Morumbi, em São Paulo.
Com a conquista do público brasileiro, o empresário Roberto Medina viu uma oportunidade para trazer o conjunto durante a inauguração de seu festival no Rio de Janeiro, nascendo então o prestigiado Rock In Rio.
Contudo, a segunda vinda foi marcada por episódios bizarros, que vocês já acompanharam no Aventuras na História; o primeiro acaso ocorreu com a jornalista Glória Maria durante o pouso de helicóptero do grupo no hotel Copacabana Palace, gerando a confusa entrevista que, décadas depois, se tornaria um meme na internet.
Depois, Mercury ainda sofreu com a recepção de outros artistas ao chegar nas imediações da Cidade do Rock na primeira sexta-feira de apresentação, em 11 de janeiro de 1985, chegando a ser alvo de gritos homofóbicos. Porém, um curioso fato foi revelado pelo organizador dos bastidores do evento, Amin Khader, em um episódio do programa Contos do Rock, da emissora de TV por assinatura Multishow.
Amin era promotor de eventos e foi escalado para realizar a organização e produção dos camarins de artistas nas três primeiras edições do Rock in Rio, incluindo a de 1985, onde o Queen se apresentou por dois dias — 11 e 18 de janeiro. Dessa maneira, revelou no programa que os britânicos “deram trabalho” para a equipe técnica e logística do evento.
“Às vezes vocês veem o cara cantando no palco e não sabem o trabalho que o cara deu para gente. Vou dar um exemplo do Queen; quando a banda ensaiava, ninguém podia assistir no quilômetro todo na frente [do palco], era aquele matagal todo que foi capinado [para instalar a Cidade do Rock]”, revelou o produtor.
Porém, o principal desentendimento identificado por Khader não partiu de qualquer problema proveniente de equipamentos, assédio de fãs ou fatores causados pela equipe de produção, mas era um incômodo trazido direto da Inglaterra; Freddie Mercury não estava conversando com Roger Taylor, percussionista da banda.
De acordo com o promoter, qualquer erro ou descompasso do integrante resultava na interrupção total do ensaio por Freddie, que chamava um intermediador responsável por passar a mensagem ao baterista. Da mesma forma vinha a resposta — mesmo bom ambos os membros separados a poucos metros de distância.
Amin acrescentou que a desavença não era informada pelos empresários: “Alguém sabia que ele [Freddie] não falava com o baterista? Alguém sabia que ele não falava com o guitarrista? O grupo Queen não se falava entre si! As pessoas os viam no palco e pensavam: 'Que banda unida!'. Era tudo mentira”, completou.
Mesmo assim, as adversidades no Brasil não foram suficientes; os shows ficaram marcados pela predominante presença de palco do vocalista e do guitarristaBrian May, além de contar com o apoio de dezenas de milhares de fãs que marcaram a história dos festivais mundiais em um só coro.