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Matérias / Personagem

Sobrevivendo a um massacre aos 9 anos de idade: a impressionante história de Denese Becker

Denese era apenas uma criança quando o 'Massacre de Xococ' ocorreu e mudou tudo que ela conhecia até então

Giovanna Gomes Publicado em 31/10/2020, às 10h00

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Denese Becker - Divulgação
Denese Becker - Divulgação

A história de uma mulher da Guatemala que sobreviveu a um dos maiores massacres da história é um dos relatos mais surpreendentes já feitos. Denese Becker, uma mulher de origem indígena vivia nos Estados Unidos, escondeu por 17 anos um insólito segredo que chocou quando revelado.

No ano de 1982, aos nove anos de idade, ela vivenciou o que ninguém deveria presenciar: a morte de mais de duzentas pessoas de sua tribo, inclusive de seus familiares, no caso que ficou conhecido como o 'Massacre de Xococ'. 

Quem é Denese?

Denese Joy Becker nasceu em Río Negro, Alta Verapaz, em 1972, mas nem sempre foi chamada assim. Até os dez anos de idade ela era Dominga Sic Ruiz, nome que foi dado por seus pais. Sua mãe se chamava Magdalena Ruiz e seu pai Rosendo Sic, ambos membros da comunidade dos Achi, na Guatemala.

Alta Verapaz, na Guatemala - PXfuel

Em uma entrevista ao El País em 2002, Becker recordou a tarde de fevereiro de 1982, na qual o pai foi morto pelos paramilitares que invadiram o local onde sua tribo estava localizada. "Eles amarravam as pessoas com cordas. Eles as colocaram ao redor do pescoço, ao redor da cintura e depois os atavam a árvores ou faziam filas de humanos amarrados para matá-los", afirmou ao veículo.

Duas semanas após o acontecimento, sua irmã mais nova nasceu. No entanto, a onda de violência ainda não havia cessado e, alguns dias depois, um novo ataque ocorreu. "Era noite e minha mãe me acordou de repente. Falou que eu me vestisse rápido. Com uma tira de pano amarrou minha irmã nas minhas costas e mandou que eu me escondesse na mata", relatou Denese.

Ela chegou a ver os paramilitares arrastarem sua mãe aos chutes enquanto fugia. Denese se refugiou com a irmã e mais duas crianças em uma casa abandonada. Naquele momento, ela soube que a mãe havia sido morta quando ouviu tiros.

"Não me lembro de muito depois disso, exceto que minha única obsessão era manter viva minha irmã". Porém, infelizmente, ela morreu de resfriado e desidratação quando tinha apenas 14 dias de vida. "Eu não posso esquecê-la. Eu ainda sinto falta dela", disse Denese durante a entrevista de 2002.

Memorial dos massacres do Rio Negro, na Guatemala - Flickr

Após o massacre

Após o ocorrido, Becker foi enviada a um orfanato na cidade da Guatemala. Em 1984 ela foi adotada por um pastor batista americano e passou a viver em Iowa, nos EUA. Foi então que ela recebeu um novo nome. Devido ao trauma que passou, ela não conseguia distinguir os dias, meses e anos de sua vida naquele período.

A jovem frequentava a escola e a igreja e ajudava em trabalhos com a comunidade. Em seu novo país ela cresceu, se casou e teve dois filhos, mas nunca se esqueceu de sua família biológica e dos horrores que viveu.

Não foi apenas a tribo de Denese que foi atacada. Naquele ano, muitos outros massacres promovidos pelo Exército e grupos paramilitares ocorreram com o objetivo de retirar os indígenas dos locais que habitavam.

Havia o interesse de que a região desse lugar a uma barragem de uma hidrelétrica. Assim, 444 das 791 pessoas que viviam no Río Negro foram executadas.

Hidrelétrica de Chixoy, construída no local do massacre - Wikimedia Commons

Na época, tanto o Massacre de Xococ quanto os demais crimes foram encobertos pelo país, mas em 1999, devido à enorme pressão internacional, o caso foi reconhecido pelas Nações Unidas como genocídio. Isso explica o fato de muitas pessoas ainda não conhecerem fortes narrativas como a de Becker. 


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