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Matérias / Personagem

Sequestrada, vendida e casada aos 12 anos: a triste história da escravizada Redoshi

Conhecida como a última africana contrabandeada aos Estados Unidos, a mulher com episódios sangrentos ainda durante a infância

Wallacy Ferrari Publicado em 31/08/2020, às 11h06

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Redoshi em foto durante encontro na década de 1930 - Wikimedia Commons
Redoshi em foto durante encontro na década de 1930 - Wikimedia Commons

A data de seu nascimento não é conhecida com exatidão, sendo atribuída por volta de 1848, quando surgiram seus primeiros registros em uma aldeia na África Ocidental, onde atualmente o território é de Benin. O nome Redoshi foi visto 14 vezes no banco de dados de origens africanas, mantido pelos EUA, mas a confirmação de sua identificação partiu de outros episódios distintos.

Ainda na infância, a aldeia onde Redoshi morava foi atacada por invasores, mandados pelo povo de Daomé. Entre as vítimas fatais da carnificina, o pai da jovem — atribuído como o então líder da aldeia — é morto. A garota, na época com 12 anos de idade, não apenas foi capturada, por volta de 1860, mas vendida.

O destino seria justamente o navio Clotilda, conhecido como o último navio negreiro que contrabandeou escravos aos Estados Unidos, meses antes da Guerra Civil americana. Redoshi era uma das 100 crianças, adolescentes e jovens adultos africanos que chegariam ao Alabama ilegalmente, no mesmo ano de captura, porém, teriam um longo caminho repleto de sofrimento.

Vendida como esposa

Dentro do navio, a jovem foi colocada em um quarto com outro homem capturado, do qual a mesma nunca tinha visto. O rapaz, identificado como Tio Billy ou Yawith, nem ao mesmo falava a língua da jovem ou conseguia se comunicar — por ser de outra região do continente africano. Os americanos não entendiam ambos e pouco se importaram com a convivência, forçando que os mesmos a se casarem.

Juntos, tiveram relações forçadas e tiveram de enfrentar a violência e comida racionada até a chegada ao território americano. Por lá, foram anunciados como companheiros de trabalho que ainda poderiam ter filhos e render futuros escravos gratuitos. A proposta atraiu Washington Smith, fundador do Banco de Selma do Alabama, que decidiu comprar o “casal” para trabalhar em sua casa e plantações.

Redoshi em fotografia já em seus últimos de vida / Crédito: Wikimedia Commons

Por lá, trabalhou ilegalmente por cinco anos, recebendo um novo nome com o mesmo sobrenome do dono; foi renomeada como Sally Smith e mostrava progresso ao aprender a língua inglesa. Com o companheiro forçado, ainda teve uma filha, na qual deu à luz no meio da plantação. Em 1865, a emancipação chegou em todos os estados da federação, possibilitando sua liberdade aos 17 anos de idade.

Vida após a escravidão

Apesar de ‘liberta’, não tinha fundos monetários que possibilitariam seu retorno para a África Ocidental, passando a residir na plantação Bogue Chitto com sua filha. Junto com ontros escravos, conseguiu o direito de moradia em um terreno de 6 mil acres, por onde viveria pelo resto da vida.

Foi descoberta, décadas mais tarde, pela ativista dos direitos civis Amelia Boynton Robinson, que a entrevistou e documentou sua trajetória nos EUA: “Eu tinha 12 anos e ele era um homem de outra tribo que tinha uma família na África. [...] Eu não conseguia entender a conversa dele e ele não conseguia me entender. Eles nos colocaram juntos e nos venderam como marido e mulher”, disse Redoshi.

Apesar de localizada, não houve acompanhamento após a entrevista de 1932, sendo revista em 1938 para a filmagem de um filme educacional sobre a migração rural para as centrais urbanas após o fim da escravidão, mas não chegou a ser entrevistada. Acredita-se que morreu na mesma época, visto que não foi vista posteriormente.


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