Durante o auge da dominância nazista pela Europa, o Führer chegou a acreditar que era imbatível, elaborando um plano sem pé nem cabeça
Wallacy Ferrari Publicado em 20/12/2020, às 09h00
O auge da Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial se deu até a metade de 1940, quando os soldados nazistas conseguiram tomar as ruas de Paris, na França. Com sucessivas vitórias, Adolf Hitler tinha tudo para acreditar que seu exército bateria qualquer outro no mundo.
Sabendo disso, ele mirou seu próximo ponto de parada em Londres, numa operação cujo codinome era “Leão-marinho”, apresentada na diretriz do Führer de 16 de julho de 1940.
Hitler ordenou aos generais a criação de uma “travessia surpresa” no Canal da Mancha para eliminar completamente a Força Aérea, Marinha Real e todos os submarinos da Grã-Bretanha.
O plano era grandioso, mas contou com um obstáculo; por parte dos generais, era simplesmente ridículo.
Sem nenhuma trajetória criada ou deficiência do oponente, invadir o território pela entrada principal sem ter informações sobre seu poder bélico e humano era um plano suicida, capaz transformar a figura do líder nazista em um político sem a mínima noção de guerra.
Recepção
Durante a diretriz, Hitlerfez questão de explicar seu intuito para os líderes militares: 'O objetivo desta operação será eliminar a pátria inglesa como base para o prosseguimento da guerra contra a Alemanha e, se necessário, ocupá-la completamente'. A tarefa, porém, não era tão fácil, como respondeu o chefe da Força Aérea Alemã, Herman Göring.
Através de uma carta de apenas uma página, o chefe evita um tom formal e prioriza explicar que tal medida era incompatível com a situação da guerra: “Só poderia ser o ato final de uma guerra já vitoriosa contra a Grã-Bretanha, caso contrário, as pré-condições para o sucesso de uma operação combinada não seriam atendidas”, escreveu.
De acordo com o Business Insider, a resposta da Marinha alemã foi semelhante. Em uma situação ainda menos favorecida pela invasão da Noruega, o almirante Eric Raeder tinha a noção de que, sem navios suficientes, era impossível realizar tal missão sabendo que a Grã-Bretanha estava muito bem equipada pelas águas. Contudo, Hitler não deu a mínima.
O que ocorreu
Apesar de ter sido solicitado repetidas vezes pelo Führer, o projeto acabou sendo concluído em agosto de 1940, mas pela insistência dos líderes militares em priorizar outros planos, acabou tendo sua execução descartada, como conta o livro 'Operation Sea Lion', do historiador Leo McKinstry.
Um gostinho do que seria essa invasão pôde ser provado durante a “Batalha da Grã-Bretanha”, quando a infantaria alemã começou a praticar pousos na praia para derrotar a Força Aérea britânica — sendo devastada em três meses. A ocasião serviu como ponto de virada na guerra.
O historiador londrino Ian Kikuchi explicou ao The Independent que o fracasso do confronto também motivou Hitler a descartar a ideia de invadir a Grã-Bretanha em 1941, principalmente após a invasão à Rússia: “A Marinha alemã havia perdido muitos contratorpedeiros em 1940 e a realidade é que, se os invasores tivessem feito a travessia, teriam sido aniquilados pela Marinha Real. [...] Eles planejavam fazer a viagem em barcaças fluviais”.
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