Uma egiptóloga identificou uma parte de um manuscrito de 3.500 anos que revela raros detalhes sobre o procedimento
Embora a mumificação seja um procedimento amplamente conhecido até os dias de hoje, o modo com que os egípcios realizavam esse processo ainda apresenta algumas lacunas. Até pouco tempo, como relatou a Exame, egiptólogos contavam com apenas dois textos sobre o tema.
Isso mudou no mês passado quando a egiptóloga Sofie Schiødt, da Universidade de Copenhagen, percebeu que um papiro de 3.500 anos contava com uma parte interessante: ele apresentava um raro manual para a mumificação de corpos.
O manuscrito em questão já era analisado por pesquisadores, sendo que metade está no Museu do Louvre em Paris e a outra parte pertence à coleção Papiro Carlsberg da Universidade de Copenhague Coleção. Isso fez com que ele fosse batizado como Papiro Louvre-Carlsberg.
Como informado em um comunicado da universidade, Schiødt estudou o manual para desenvolver sua tese de doutorado, que foi defendida em fevereiro deste ano e deve ser publicada em uma revista científica no futuro.
Segundo os arqueólogos envolvidos no projeto, este é o manual sobre mumificação mais antigo já identificado no mundo, datando de 1450 a.C. A partir do manuscrito, é possível entender detalhes de como os egípcios realizavam o processo, contendo ainda algumas dicas.
"Muitas descrições de técnicas de embalsamamento que encontramos neste papiro foram deixadas de fora dos dois manuais posteriores e as descrições são extremamente detalhadas”, disse Schiødt, como relata o portal da Universidade de Copenhague.
“O texto parece um auxiliar de memória, de modo que os leitores pretendidos deveriam ser especialistas que precisavam ser lembrados desses detalhes, como receitas de unguentos e uso de vários tipos de curativos. Alguns dos processos mais simples, por exemplo a secagem do corpo com natrão, foram omitidos do texto", explicou.
Como a prática da mumificação geralmente era repassada de maneira oral, o que deixou poucos recursos escritos sobre como isso era feito, a descoberta mostrou-se ainda mais relevante. O manuscrito apresentou, inclusive, ingredientes usados para o procedimento.
“Obtemos uma lista de ingredientes para um remédio que consiste principalmente em substâncias aromáticas de base vegetal e aglutinantes que são cozidos em um líquido, com os quais os embalsamadores revestem um pedaço de linho vermelho”, contou a egiptóloga.
Esse linho vermelho seria, então, aplicado no rosto do indivíduo e funcionava como uma espécie de “casulo protetor de matéria perfumada e antibacteriana”. Segundo a pesquisadora, inúmeras múmias do mesmo período do manual continham a face coberta por tecido e resina, o que apoia o escrito.
O manual revelou aspectos gerais sobre a mumificação, como seu tempo de duração. Schiødt explica que o procedimento de embalsamamento levaria por volta de 70 dias, sendo realizado em duas etapas. A secagem e embalagem geralmente duravam 35 dias cada uma.
“Uma procissão ritual da múmia marcou esses dias, celebrando o progresso da restauração da integridade corporal do falecido, totalizando 17 procissões ao longo do período de embalsamamento”, elucidou. “Entre os intervalos de quatro dias, o corpo era coberto com um pano e coberto com palha infundida com aromáticos para afastar os insetos e necrófagos”.
De maneira geral, os responsáveis pela mumificação primeiro retiravam os órgãos do corpo, o desidratavam com o uso do sal e aplicavam substâncias aromáticas e óleos no cadáver. Depois disso, ele era preenchido com serragem e plantas secas, logo sendo envolvido com até 20 camadas de tiras de linho engomado.
Depois de todo esse processo, o corpo mumificado era levado para onde ficaria para a eternidade, em um caixão. A partir disso, rituais funerários eram realizados no local para garantir a vida após a morte do falecido.
+Saiba mais sobre o tema através das obras disponíveis na Amazon
Arqueologia, Pedro Paulo Funari (2003) - https://amzn.to/2t9EZeX
Mistérios da arqueologia e da história: Um guia para o lado oculto da ciência, Preston Peet (2015) - https://amzn.to/2QKRqX
Uma breve história da arqueologia, Brian Fagan (2019) - https://amzn.to/2tLZFcY
Descobrindo a arqueologia: o que os mortos podem nos contar sobre a vida?, Alecsandra Fernandes (2014) - https://amzn.to/3b378FC
Vale lembrar que os preços e a quantidade disponível dos produtos condizem com os da data da publicação deste post. Além disso, a Aventuras na História pode ganhar uma parcela das vendas ou outro tipo de compensação pelos links nesta página.
Aproveite Frete GRÁTIS, rápido e ilimitado com Amazon Prime: https://amzn.to/2w5nJJp
Amazon Music Unlimited – Experimente 30 dias grátis: https://amzn.to/2yiDA7W