Embora não existam relatos oficiais sobre seu nascimento e morte, a história de Santo Expedito foi eternizada pela Igreja Católica; confira!
Neste dia 19 de abril, comemora-se não somente o Dia dos Povos Indígenas, como também é mais uma das inúmeras datas comemorativas da Igreja Católica: o Dia do Santo Expedito.
Embora a figura seja repleta de contradições, visto que não existem muitos relatos que confirmem seu nascimento, trajetória ou mesmo morte — ou seja, não se tem qualquer confirmação de que ele pode ter realmente existido —, ele ainda é adorado por fiéis em todo o mundo, sendo o padroeiro das causas justas e urgentes.
Teoricamente nascido durante o século 3 em Melitene, na Capadócia (onde hoje se encontra a Armênia), e falecido no ano 303, a vida de Expedito é um mistério. A começar pelo seu nome, que poderia ser um apelido, um adjetivo conferido a ele ou uma referência a um cargo militar.
Expedito vem do latim e significa “rápido, ativo, ligeiro”. Expediti (plural de expeditus) eram os soldados romanos que portavam armas rápidas. Não se sabe se era romano ou armênio, quando nasceu e morreu, nem se realmente existiu.
Relatos indicam que ele viveu entre fins do século 3 e início do século 4 e que teria liderado a 12ª legião, conhecida como Legião Fulminante, composta por 7 mil soldados, em Melitene (capital da província romana de Capadócia). Expedito seria o comandante dessa tropa que servia ao Império Romano numa época em que os cristãos eram perseguidos.
O chamado de Jesus, porém, foi mais forte e o militar de alto escalão decidiu converter-se ao cristianismo. Foi quando o demônio apareceu para ele, na forma de um corvo, e tentou dissuadi-lo de sua vocação.
A ave gralhava insistentemente em seus ouvidos: “Cras! Cras! Cras!”, palavra que significa “amanhã”, em latim, mas nem assim Expedito adiou sua conversão. Ele pisou no corvo e respondeu: “Hodie!”, “hoje”, em latim. A partir de então, tornou-se cristão e começou a despertar devoção em seus soldados.
Nas batalhas, levava um crucifixo e incentivava seus homens a combater em nome de Jesus Cristo. Porém, durante o império de Diocleciano (entre os anos 284 e 305), ninguém foi poupado: todos eram obrigados a renunciar à religião.
Como castigo à sua fé e sinal de fidelidade ao imperador, Expedito se viu obrigado a prestar sacrifícios aos deuses venerados pelo Império. Como não aceitou a ordem, foi torturado e decapitado. O soldado preferiu o martírio por acreditar que antes de obedecer ao homem, era preciso obedecer a Deus.
Mesmo com poucas evidências de sua existência, Expedito foi canonizado pela Igreja Católica por ter sido um de seus mártires. Mas o que fez dele um santo de fato foi o crescimento do culto ao seu nome logo após a sua morte.
A oficialização de um santo depende do reconhecimento do papado e de uma série de exigências, mas o povo resiste a essa imposição e cria e mantém seus próprios santos”, afirma Eduardo Basto de Albuquerque, professor de História das Religiões da Universidade Estadual Paulista, em Assis, no interior paulista.
Sua popularidade começou a se espalhar do Oriente, onde se acredita que Expedito tenha nascido, em direção ao sul da Alemanha. Depois, desembarcou na Itália, Espanha, França e Bélgica e chegou à América com os colonizadores.
No Brasil, a capela mais antiga construída em sua homenagem data de 1942 e foi erguida na cidade de São Paulo. Ele também é bastante cultuado em São Luiz do Maranhão, Brasília, Belo Horizonte, Curitiba e Santo Expedito do Sul (RS).
Na cidade de Santo Expedito, no interior paulista, todo ano ocorre uma procissão especial. Na porta da igreja, o padre abençoa 500 cavaleiros. Isso acontece porque o santo também é considerado o protetor dos soldados. Na capela do Jaçanã, em São Paulo, passam mais de 120 mil pessoas na data festiva do santo. Há até alguns fiéis que se vestem como ele na procissão.
Uma das características de seus devotos é o hábito de imprimir milheiros de santinhos para distribuir nas ruas e igrejas e colocar faixas e cartazes nos muros e calçadas das cidades com as iniciais de quem presta a homenagem ao santo e com os seguintes dizeres: “Agradeço a Santo Expedito pela graça alcançada”. Ele tornou-se o santo das causas urgentes por não ter adiado sua conversão para amanhã.