Termo apresentado na última temporada de ‘The Crown’ representou um obstáculo para Elizabeth II
Isabelly de Lima, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 14/11/2022, às 19h49 - Atualizado em 20/01/2023, às 10h07
Na quinta temporada de ‘The Crown’, que foi lançada em 2022, a personagem da rainha Elizabeth II (vivida pela atriz Imelda Stauton) é descrita como “irrelevante, cara, velha e fora de alcance”. Isso acontece no começo da nova temporada da série e exibe um tenso momento da realeza.
A monarca foi descrita dessa forma após os resultados de uma pesquisa feita pelo jornal The Sunday Times que foi publicada em 21 de janeiro de 1990. Nela, mostrava que 47% do público achava que a rainha devia abdicar “em algum momento”.
A população costumava dizer que Elizabeth II passava pela “Síndrome da Rainha Vitória”, e se enganaram ao acreditar que a monarca acharia uma ofensa ser comparada à sua tataravó. Mas a que o termo se refere?
A rainha Vitória foi a mulher que mais ficou no trono antes de Elizabeth, - que ficou no poder durante 70 anos e 214 dias -, resultando em 63 anos e 7 meses. Ela reinou de 1837 até 1901.
Ainda que muitos consigam confundir o termo com a doença de coagulação do sangue, hemofilia que foi passada da então monarca para outros membros nobres da realeza, o termo não se trata de tal problema de saúde.
A expressão se refere ao tempo em que Vitória ficou no poder. Apesar da rainha e seu marido, o príncipe Albert, terem tido 10 filhos, ela não saiu do trono até sua morte, resultando nos 63 anos de reinado, sendo então considerada a “avó da Europa”.
Sarah Gristwood, historiadora, explicou em um artigo publicado no Huffington Post, que o termo surgiu no final da década de 1980: “No final da década de 1980, os cortesãos começaram a falar sobre QVS ou Síndrome da Rainha Vitória, pela qual uma nação poderia se cansar de um monarca envelhecido e uma família real parasita”.
A população que queria a saída de Elizabeth defendia o ponto de que, pela idade, seu sucessor seria a melhor opção para ficar no trono. Na época, a popularidade do então príncipe Charles estava alta, muito disso devido ao seu relacionamento com a princesa Diana, que muito agradava a população.
Durante sua transmissão de natal, em 1991, a monarca comentou diretamente os pedidos de abdicação do cargo. Para a Commonwealth, ela disse: "No fevereiro próximo será o quadragésimo aniversário da morte de meu pai e de minha ascensão. Ao longo dos anos, tentei seguir o exemplo de meu pai e servi-lo da melhor maneira possível".
Sinto a mesma obrigação para com você que senti em 1952. Com suas orações e sua ajuda, e com o amor e apoio de minha família, tentarei servi-lo nos próximos anos.", continuou ela.
Em ‘The Crown’, a trama sugere que a monarquia caiu em desgraça com o público, principalmente pelo dinheiro público, além dos diversos escândalos em que a família real esteve envolvida.
Contudo, no geral, as conclusões da pesquisa foram, em maioria, pró-monarquia. Nove em cada dez pessoas enxergavam tanto Elizabeth quanto Charles "principalmente favoravelmente " ou "muito favorável". Em 1992, a monarca se ofereceu para pagar o imposto de renda e assumir as responsabilidades pelas despesas de trabalho de sua família, a fim de “limpar” a popularidade.
A rainha Elizabeth II permaneceu como chefe de Estado por 70 anos, até sua morte, em 8 de setembro de 2022. Agora, quem assume o posto é seu filho mais velho, o atual rei Charles III, que completou 74.